A polícia investiga a suposta participação de integrantes da facção criminosa PCC na organização dos protestos violentos na zona norte de São Paulo desde a noite de domingo, após a morte de um adolescente pela Polícia Militar.
Os atos espalhados por vários bairros incluíram caminhões e ônibus incendiados, lojas saqueadas, motoristas roubados, manifestantes armados, um pedestre baleado e a interdição por mais de quatro horas da Fernão Dias, principal ligação de SP a MG.
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Boa parte do comércio voltou a fechar as portas ontem, pelo segundo dia, e aulas foram suspensas em algumas escolas -apesar de a PM ter intensificado a presença de equipes em ruas da região.
Alguns comerciantes disseram ter recebido aviso de criminosos para que haja fechamento na semana inteira.
Policiais, funcionários ligados à cúpula da segurança e promotores dizem haver diversos indícios da ação de criminosos ligados ao PCC.
O secretário da Segurança, Fernando Grella Vieira, afirmou ontem que as investigações ainda estão em curso. “Nós não descartamos nem afirmamos isso ainda. Estamos avaliando”, disse.
Um dos indícios é que a própria região onde houve os atos violentos é um dos principais redutos do PCC para comércio de drogas e armas.
Segundo eles, nenhuma ação desse tipo ocorreria sem autorização dos chefes do tráfico local, já que a presença de forte aparato policial prejudica a venda de drogas.
Entre os comerciantes que dizem que fecharam as portas por ordem dos criminosos está Walter Criscidane, coronel reformado e ex-comandante do policiamento de choque da PM de São Paulo. “Eles vieram de moto, de bicicleta. Diziam fecha, fecha.”
Dono de um posto de combustível, ele disse que bandidos pegaram gasolina no seu posto no domingo. Na manhã de anteontem, Criscidane disse que ligou ao 190 para informar que haveria protestos violentos. A PM afirma não ter identificado a ligação.
Na denúncia apresentada neste ano à Justiça pela Promotoria contra suspeitos de integrarem a facção criminosa, há relatos de traficantes que patrocinam equipes de futebol nesses bairros.
Entre as hipóteses aventadas para a possível reação estão pedidos de internação de chefes do PCC no RDD (regime disciplinar diferenciado).
Os protestos começaram após a morte de Douglas Rodrigues, 17, durante uma abordagem policial. Um PM foi preso e alegou ter atirado de maneira acidental. A polícia também investiga quem foi ao enterro dele -em sete ônibus.