Donos de casas e de condomínios de um bairro nobre de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, decidiram bancar integralmente os custos de uma obra para arrancar 20 postes e enterrar fios de energia e de telefone.

O objetivo dos veranistas é, de suas janelas e varandas, ter uma visão completa da praia, sem nada no caminho.

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“Hoje você olha das casas para o mar e é uma poluição visual enorme”, afirma o engenheiro eletricista Cesar Felde, autor do projeto, na praia da Baleia. Segundo ele, a ideia de esconder os fios já ocorre dentro de novos condomínios de alto padrão.

É a primeira vez que um projeto do tipo, bancado pelos moradores, sai da área interna das propriedades e ocorre em plena avenida de uma praia em São Sebastião.

A obra deve liberar a vista de 14 casas, a maioria em construção, além de dois condomínios prontos.

 Adriano Vizoni/Folhapress 
Moradores se juntaram e resolveram enterrar os fios da rede elétrica
Moradores se juntaram e resolveram enterrar os fios da rede elétrica

Todas ficam em frente à avenida principal do bairro e, em seguida, a uma área verde que dá acesso à praia –é uma das poucas regiões que não tem loteamentos na quadra em frente ao mar.

Para fazer a obra, a fiação será substituída ao longo de 350 metros. A mudança deve exigir a instalação de três novas redes-tronco (pagas pelos moradores, para levar energia a outros bairros).

Após a implantação, a atual rede aérea será desativada –a troca, porém, deve ocorrer só depois de janeiro. Os moradores esperam que os postes saiam de cena antes do Carnaval.

Segundo a concessionária EDP Bandeirante, essa é a primeira vez que esse tipo de obra ocorre no litoral norte por iniciativa dos veranistas.

“A única desvantagem é o custo”, afirma Felde, que não quis informar o valor da obra –segundo moradores, porém, o custo estimado é de cerca de R$ 2 milhões.

Alguns turistas, no entanto, veem o projeto com desconfiança e temem que a praia vire um condomínio fechado. Segundo a arquiteta Yuli Felde, que coordena a primeira etapa da obra, não há esse risco.

“A vista das casas vai melhorar, mas todo mundo vai usufruir dessa obra”, afirma.