Na avaliação do advogado Adriano de Oliveira e diretor jurídico da Incoesp (Cooperativa das Indústrias Cerâmicas do Oeste Paulista), todas as cerâmicas estabelecidas no Oeste Paulista, com o apoio da Incoesp, têm procurado formas de produção ambientalmente sustentáveis para desenvolvimento do setor.
Ele disse, ainda, que não tem conhecimento sobre o conteúdo da ação civil pública movida pelo Ministério Público da comarca de Panorama.
Oliveira classificou como louvável a intenção do MP no sentido de reduzir a emissão de gases poluentes, mas disse estar preocupado com a condução dessas ações na Justiça, que vem em uma época de crise enfrentada pelo setor oleiro-cerâmico, podendo acarretar fechamento de empresas, demissões em massa e migração dessas indústrias para outros polos cerâmicos ou comarcas vizinhas.
Em Panorama, a cerâmica há décadas é a base da economia local fomentando todo comércio e empregando mais de dois mil trabalhadores diretos, fora a mão-de-obra terceirizada. Esse número é três vezes maior do que emprega a Prefeitura com apenas 500 cargos, e dez vezes maior do que emprega o setor de turismo (hotéis e pousadas).
Dentro do polo cerâmico representado pelos municípios que possuem cerâmicas cooperadas a Incoesp (Regente Feijó, Panorama, Paulicéia, Presidente Epitácio, Ouro Verde e Santa Mercedes), este ano o número de cerâmicas fechadas subiu para 25. Desse total, 22 estão em Panorama.
No rol de problemas atualmente enfrentados pelos empresários, a medida adotada pelo MP deverá figurar no topo da lista de prioridades, lista esta ocupada pela Barreira Fiscal imposta pelo estado do Mato Grosso do Sul a produtos cerâmicos produzidos em São Paulo; balança rodoviária operando 24 horas num único sentido da SP-294 no trecho entre Dracena e Junqueirópolis; escassez de matéria-prima de queima; aumento do custo da energia elétrica na indústria; criação de parques ambientais pondo em risco a continuidade da extração de argila pelas mineradoras e utilização de bloco de cimento na construção de casas populares, dos programas habitacionais dos governos Federal e Estadual.
“Diante de todos esses problemas não observamos qualquer iniciativa dos poderes públicos, no sentido de nos apoiar na luta contra esses obstáculos que vem ‘estrangulando’ a indústria cerâmica do Oeste Paulista”, desabafa o diretor jurídico da Incoesp.
A cooperativa apontou várias iniciativas pró-ambientais tomadas pelas empresas de Panorama, Paulicéia e outras do polo cerâmico regional.
FONTE ALTERNATIVA – A primeira medida já adotada por mais de 95% das indústrias de todo setor, diz respeito à substituição da madeira nativa utilizada para queima dos produtos cerâmicos pela Biomassa, representada por pó de serra, bagaço de cana, palha de amendoim, palha de arroz, entre outros.
Se tratando de alternativas de queima, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) está desenvolvendo uma série de estudos no campo experimental da Incoesp com o Capim-elefante, a fim de se obter resultados satisfatórios para adotá-lo como eficaz fonte renovável de combustível.
LABORATÓRIO – Parceria entre Incoesp e Senai possibilitou a instalação do laboratório de cerâmica vermelha onde será possível analisar a argila e buscar além da qualidade da matéria-prima, a diminuição do tempo de queima e consequentemente a redução da emissão de fumaça.
RECICLAGEM – Geólogos ligados ao IPT desenvolvem pesquisas para reutilização do caco cerâmico descartado como lixo pelas cerâmicas e que poderá, em breve, ser reaproveitado evitando desperdícios desse material.
Em relação aos filtros para chaminés, o setor alega estar procurando uma tecnologia que traga resultados satisfatórios. Porém todos os produtos até então apresentados ao setor não se mostraram comprovadamente eficazes.