Com apenas 27 anos, a tupiense Priscila Thiara Rodrigues, tem um currículo de dar inveja a muitos jovens, além de ser motivo de orgulho para os pais Audenil Rodrigues e Maruta Thiara, moradores do município de Tupi Paulista.
Priscila, que atualmente mora em São Paulo, tem importantes conquistas profissionais na carreira de pesquisa científica, que segundo ela, a decisão sobre onde estudar e qual profissão seguir foi bastante difícil no momento da escolha. “A minha única certeza é que eu queria estudar e ter uma profissão que me deixasse feliz”, afirmou a jovem que sempre estudou em escola pública e prestou vários vestibulares para diferentes cursos, entre eles, Enfermagem, Farmácia e Ciências Biológicas, em diferentes cidades.
Em setembro de 2005 veio o ‘frio na barriga’ após verificar que seu nome constava na lista de aprovados do curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), em Guarapuava (PR), onde iniciou o curso em 2006.
Contente com o curso e satisfeita com a universidade, Priscila conta que começou a se identificar cada vez mais com o campo científico. Durante três anos de graduação ela desenvolveu projetos de iniciação científica, monitoria em genética e também projetos de extensão. Sendo que a iniciação científica sempre esteve relacionada ao estudo de genética populacional e parasitologia, enquanto que o projeto de extensão foi desenvolvido junto a uma comunidade indígena, voltada para a reeducação sanitária e higiênica.
Em 2010 veio o tão sonhado diploma e também a iniciação no mestrado. Com o intuito de estar mais próximo do seu noivo, Edmar do Monte Braga, Priscila prestou a prova de mestrado na Universidade de São Paulo (USP), onde teve a felicidade de estar entre os aprovados. Durante o mestrado estudou a origem da malária importada dos Estados Unidos, utilizando marcadores moleculares, através de colaboração científica com o grupo do CDC (Center for Disease Control and Prevention), EUA.
No final de 2012 obteve o título de mestre pelo Departamento de Parasitologia do Instituto de Ciências Biomédicas, onde em seguida recebeu convite para cursar o doutorado no mesmo instituto. Já no primeiro ano, Priscila salienta que foi convidada a fazer o doutorado com período sanduíche, na Universität Basel, localizado em Basileia, Suíça (a universidade mais antiga da Suíça).
Entre junho de 2013 a janeiro de 2014 estabeleceu residência na Suíça para estudar a genética populacional da malária, juntamente com estudantes de origens dispares, como África, França, Suíça e Alemanha. “Tudo isso foi essencial para eu me descobrir pessoalmente e profissionalmente”, avalia a tupiense.
Concomitante a sua estádia na Suíça, seu irmão Flávio Thihara Rodrigues, estava desenvolvendo parte de seu doutorado em Strasbourg (França), a 140 km de Basileia, o que tornou sua estadia ainda mais agradável com a presença de um familiar por perto.
Entre as dificuldades enfrentadas pela estudante, a maior delas foi o idioma (inglês) nas primeiras semanas e também a diferença de culturas. “Mas aos poucos fui me adaptando e tudo ficou ótimo. Durante sete meses, o doutorado sanduíche me ofereceu muitas oportunidades. Além de estudar o inglês, conheci muito da Europa, viajamos (acompanhada do irmão Flávio) para Itália, Grécia, Alemanha, França e Suíça”, conta.
O retorno a capital paulista ocorreu em janeiro do ano passado, quando deu continuidade ao projeto de estudo. Em outubro veio mais uma conquista quando surgiu a oportunidade de viajar para região endêmica de malária, situada no assentamento agrícola Remansinho, divisa do estado do Acre e Rondônia. “A experiência foi fantástica e fora do nosso cotidiano. A população vive em condições precárias de higiene e moradia, esgoto a céu aberto, sem água tratada, casa sem paredes e tipo pau a pique. As crianças frequentam a escola com ensino deficiente e com misturas de idades, ou seja, criança de 5 anos frequenta a mesma sala de aula que crianças de 10 anos. Lá não tinha energia elétrica, mas em compensação havia vontade de viver e esperança de melhoria de vida”, lembra a tupiense.
Após essa viagem, o pesquisador Daniel Hartl juntamente com o orientador de doutorado fez o convite à estudante para passar uma temporada em Boston (EUA), na Universidade de Havard. Sem hesitar, Priscila aceitou de ‘cara’ o convite. A viagem será feita no final deste mês. “Daniel Hartl é um dos pesquisadores mais ilustres e respeitados da comunidade científica para mim. Sem dúvida será um grande prazer dividir com ele experiências científicas”, garante.
Priscila irá para Harvard construir um banco de dados genéticos, com o intuito de junto ao Ministério da Saúde aplicar essa técnica no Brasil para possível erradicação da malária no País.