Se a Copa do Mundo no Brasil vai render algum benefício real para o País ninguém sabe. Mas o Mundial de 2014 será o evento que mais dará dinheiro aos cofres da Fifa na história de mais de cem anos da entidade. O Mundial em 2014 colocará nas contas da Fifa um volume quase 100% superior ao que a Copa da Alemanha gerou em 2006. A entrada de recursos com o Brasil será ainda US$ 600 milhões (R$ 1 bilhão) maior que na África neste ano. Com tanto dinheiro, o prêmio para as 32 seleções que estarão no Brasil atingirá um valor três vezes maior que o que os times ganharam em 2002.

As contas foram aprovadas nessa sexta-feira no orçamento da Fifa para o período 2011-2014, em uma reunião em Zurique que contou com a presença do presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Para o período 2011-2014, a Fifa prevê que terá uma renda de US$ 3,8 bilhões (R$ 6,8 bi). Mais de 95% disso é gerado com o Mundial no Brasil. Para 2010, a previsão é de que a renda chegue a US$ 3,2 bilhões. Na Copa de 2006, a renda havia sido de US$ 2,1 bilhões.

Jerome Valcke, secretário-geral da entidade, explicou que parte do sucesso é a atração gerada pelo futebol no campo de negócios. Segundo ele, os acordos comerciais assinados entre a Fifa e empresas para o Mundial de 2014 já superam o que a entidade havia fechado quatro anos antes da Copa de 2010. Cerca de US$ 2,2 bilhões serão lucrados com a venda de direitos de transmissão. O restante virá de acordos comerciais. “Brasil e África do Sul são dois mundos separados. O que vemos como empresas no Brasil não é o que vemos na África do Sul. A economia brasileira é sólida e resistiu bem à crise.” Segundo ele, vários acordos comerciais já fechados com empresas ainda estão sem ser anunciados. Mas serão revelados nos próximos meses.

Bilionária, a Fifa também investirá mais no Brasil que na África do Sul. Segundo o orçamento, a entidade gastará com o evento no País cerca de US$ 1,38 bilhão, mais de US$ 300 milhões do que na África do Sul.

As 32 seleções receberam um pacote de US$ 454 milhões em prêmios, o maior da história. Para 2010, o prêmio será de US$ 420 milhões. Já na Alemanha em 2006, o total foi de US$ 261,4 milhões. Em 2002, no Japão, o prêmio foi de US$ 154 milhões.

A operação de TV será o segundo maior gasto, com US$ 228 milhões. Só em escritórios no Brasil a Fifa gastará US$ 16 milhões.

PREOCUPAÇÕES

Mas nem tudo é motivo de tranquilidade para a Fifa em relação ao Brasil. Ao Estado, Valcke já tinha alertado que a Fifa irá modificar a forma de vender ingressos para garantir que todas as 64 partidas tenham lotação esgotada. Para a Copa de 2014, 75% dos ingressos foram vendidos e a Fifa não disfarça o desespero. Outra preocupação é a de garantir que turistas estrangeiros viagem ao Brasil em 2014. Na Copa de 2006, a Alemanha recebeu 2 milhões de turistas. Já em 2010, o número não deve chegar a 350 mil.

“Temos de garantir que os torcedores de seleções europeias tenham como viajar ao Brasil”, disse Valcke. Ele defende a criação de conexões não apenas a São Paulo e Rio, mas também voos diretos para as demais cidades que receberão jogos. “Precisamos aprender com os erros da África do Sul para evitar que eles se repitam no Brasil.”