Falta de incentivo à natação no município de Panorama, sede a cinco décadas do maior evento aquático em águas abertas do país, tem cobrado a taxa de R$ 55 dos moradores da cidade que provocou indignação entre competidores locais sobre a decisão tomada pelo governo municipal.
No ano passado, a inscrição era R$ 30, ou seja, um aumento de 83,33% do valor cobrado nesta edição.
A taxa de inscrição da travessia passou a ser adotada pela prefeitura depois da morte do professor Nadir Pousa, responsável pela organização de quase todas as edições do evento aquático.
As criticas tem ganhado fôlego, porque muitos desses atletas panoramenses precisam pagar escolas de natação particular em busca de orientação técnica.
A reportagem apurou que a piscina pública do município, reformada no ano passado para uso da população, está fechada.
O Jornal Regional conversou com quatro nadadores de Panorama na última sexta-feira, 14, para saber a opinião de cada um deles sobre o valor da inscrição.
Na opinião de Donizete Rodrigues de Oliveira (Doni), 33 anos, é injusto cobrar dos moradores da cidade porque dificultaria a participação dessas pessoas na competição. “Conheço muitos amigos que deixarão de competir esse ano por causa disso [do valor de R$ 55]”, afirmou.
A polêmica sobre o valor exorbitante tem deixado Lourival Francisco Quixaba de cabeça quente. “Tenho dois nadadores na família e pelo valor da inscrição será complicado desembolsar R$ 110. Mesmo se classificando bem, não ganharemos esse valor. O que eles querem, em minha opinião, é acabar com a prova cinquentenária”, desabafou.
Ramon Rodrigues, 27, questionou a falta de apoio da administração municipal. “Se tivesse infraestrutura para treinamento, como por exemplo, liberar a piscina municipal. Mas nem isso eles estão fazendo”, reclamou.
Paulo Roberto dos Santos (Paulo Paranaguá), 59, ex-nadador e atualmente profissional de educação física avalia que a taxa de R$ 55 se justificaria para atletas de fora se a travessia de Panorama estivesse no padrão da travessia do Rio de Janeiro e do circuito catarinense de águas abertas. “Isso é mesmo pra impedir que nadadores de Panorama não participem da travessia. Não pode cobrar do morador. Ele vive aqui e paga seus impostos. De certa forma é uma obrigação da prefeitura não cobrar de pessoas da cidade”, disse. “Vai taxar um cidadão que você [governo] não ajuda”, afirmou ainda Paranaguá.
Sobre o custo elevado da inscrição, o diretor municipal de Esportes, Marcos Antônio Gonçalves da Costa (Panda), apontou a dificuldade financeira enfrentada pela prefeitura como fator principal do encarecimento da taxa. Este ano, a prefeitura evitou pedir patrocínio a comerciantes e empresários da indústria cerâmica. “Foi um aumento até que razoável”, disse o diretor de Esportes.
O sistema de pagamento escolhido pela organização é o PagSeguro disponibilizado no site: www.travessiarioparana.com.br. “Para fazer a inscrição tem um custo de transação bancária. A administração municipal ficará mesmo com R$ 40 dos R$ 55 para pagar as premiações”, explicou.
A expectativa para a travessia é de 250 atletas inscritos.
A repercussão negativa da taxa imposta a nadadores do município deixou confuso o chefe do Executivo Municipal, que alegou desconhecer o valor da inscrição, mas afirmou que definiria em reunião nesta semana junto à comissão organizadora se manterá a cobrança feita nas travessias anteriores.
CATEGORIAS EM VALORES – Categoria geral: 1º lugar (R$ 700); 2º lugar (R$ 400); e 3º lugar (R$ 200).
Nas categorias mirim, infantil, juvenil, adulto, veterano, categoria especial (deficiente físico) masculino e feminino os valores das premiações serão iguais: 1º lugar (R$ 150); 2º lugar (R$ 100); e 3º lugar (R$ 50).
Equipe mais numerosa, melhor tempo feminino, melhor tempo masculino foram retiradas neste ano.