Uma adolescente de 15 anos morreu após passar mal durante uma festa em uma boate na Avenida da Saudade, no Jardim Bongiovani, em Presidente Prudente, na noite deste domingo (24). O caso foi registrado na Polícia Civil como morte suspeita.

Conforme o Boletim de Ocorrência, o pai da vítima foi à Delegacia Participativa, por volta da 0h30 desta segunda-feira (25), e informou aos policiais que “havia sido comunicado por uma enfermeira da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional de que sua filha foi a óbito”, por volta das 23h30 deste domingo (24).

O homem contou aos agentes que a adolescente estava em uma festa em uma boate, quando passou mal e foi socorrida por uma Unidade de Resgate do Corpo de Bombeiros e levada ao hospital, segundo o documento.

Uma outra adolescente, que é amiga da vítima, contou ao pai da menor, ainda de acordo com o boletim, que, enquanto a equipe a socorria, a jovem sofreu “uma convulsão e parada cardíaca”.

O pai da menor entrou em contato com uma enfermeira do HR e foi informado de que a filha “deu entrada no Pronto Socorro da unidade por volta das 21h15” e que, em seguida, “foi transferida para a UTI pediátrica, vindo a óbito às 23h”.

Foi requisitado um exame necroscópico. A Polícia Civil investiga o caso.

Estado de saúde
Por meio de nota, a Assessoria de Imprensa do Hospital Regional informou que “a paciente em questão deu entrada na unidade às 21h15 deste domingo (24), trazida pela equipe de resgate, já em parada cardiorrespiratória”.

Ainda conforme informado pela unidade, a adolescente “foi atendida prontamente até a estabilização do seu quadro clínico e encaminhada à Unidade de Terapia Intensiva (UTI). No entanto, evoluiu para outra parada e não resistiu”. “As causas da morte serão investigadas pela Polícia Civil e pelo Instituto Médico Legal (IML), que tem até 30 dias para apresentar os resultados dos exames”, salientou o HR.

A família
A jovem era filha única e morava com os pais no Conjunto Habitacional João Domingos Netto, em Presidente Prudente. O cozinheiro Nelson Jesus Garcia, pai da adolescente, relatou ao G1 que a filha foi para uma igreja na tarde deste domingo (24) e depois resolveu se dirigir para a festa na boate. “Não sabia que ela iria para essa festa. Ela foi para a igreja acompanhada de uma prima e uma amiga e depois as três seguiram para a boate. Minha filha não era de frequentar festas e, infelizmente, aconteceu essa fatalidade”, afirmou Garcia.

O cozinheiro ainda afirmou que a sobrinha que estava na festa relatou-lhe que, após voltar do banheiro, encontrou a vítima reclamando de formigamento nas mãos e com o coração acelerado. “Minha sobrinha disse que deram algum tipo de substância para minha filha, mas não sabe qual”, relatou.

Garcia explicou ao G1 que a adolescente não tinha nenhum vício. “Ela não bebia e não fumava. Ninguém da família tinha conhecimento de que ela já havia experimentado ou usava drogas. Para nós, foi um golpe muito grande”, salientou.

A morte da adolescente causou indignação na família. “É preciso ter uma fiscalização mais intensa nesses locais. Isso aconteceu comigo, mas pode ocorrer com qualquer outra pessoa”, desabafou Nelson.

Para a auxiliar de limpeza Maria Rosa Cordeiro de Jesus, avó da vítima, a notícia da morte da neta foi como “perder as pernas”. “Quando a pessoa está doente e internada, já ficamos mais preparados para a perda, mas nesse caso é um choque muito grande. Quando fiquei sabendo, ‘perdi as pernas’”, relatou a avó.  

A investigação
De acordo com a delegada seccional da Polícia Civil, Ieda Maria Cavali de Aguiar Filgueiras, um inquérito foi instaurado e nenhuma hipótese para o caso será descartada.

“Vai ser verificado se o relato feito no Boletim de Ocorrência pelo pai, que tomou conhecimento por uma amiga da jovem de que alguém lhe teria dado entorpecente, procede. Isso será feito tanto por meio dos resultados dos exames necroscópicos quanto através de testemunhas. Em princípio, conforme determina a lei, são 30 dias para que o caso seja esclarecido, entretanto, devido aos prazos das apresentações dos laudos, isso pode levar mais tempo”, explicou a titular da Delegacia Seccional.

O caso deverá ser encaminhado para a Central de Polícia Judiciária (CPJ). “Nosso interesse é esclarecer o caso o mais rápido possível, até mesmo para poder dar um posicionamento concreto à família. Porém, precisamos ter segurança quanto às informações coletadas. Após a instauração do inquérito, diligências serão realizadas, informações confrontadas e testemunhas ouvidas”, ressaltou.

A boate
Um dos acionistas da boate, Carlos Roberto, afirmou ao G1 que o local passou a ser um salão de eventos há cerca de oito meses e que, por isso, a festa não era de organização dos proprietários, mas, sim, de terceiros, já que o estabelecimento é disponibilizado para aluguéis. “Nós não trabalhamos mais como boate e não realizávamos festas aos domingos. O local, atualmente, é disponibilizado para aluguel. O coordenador de um projeto social entrou em contato conosco para solicitar o espaço, pois eles costumam realizar o ‘Domingo Cultural’, que é um evento que acontecia nos bairros da cidade”, explicou.

Roberto ainda ressaltou que o estabelecimento solicita que os realizadores de eventos e festas tenham uma equipe com profissionais da área da segurança credenciados. “Como este evento realizado aos domingos é de uma entidade sem fins lucrativos e que visa a difundir a cultura, nós cedemos o espaço, sem cobrar o valor do aluguel. Entretanto, foi feito um contrato, pois fazemos questão de que a festa ofereça total segurança aos usuários. Nesse contrato, é solicitado que os profissionais que irão trabalhar na festa tenham os cursos devidos e sejam credenciados, como é determinado pela norma da Polícia Federal”, afirmou ao G1.

O acionista da boate ainda esclareceu que foi informado pelos profissionais que estavam no local de que a adolescente passou mal já do lado de fora do prédio. “Pelo que me foi dito, ela teria desmaiado do lado de fora e os seguranças contratados teriam acionado o Corpo de Bombeiros para socorrê-la, mas, infelizmente, houve essa fatalidade”, lamentou.

Responsável pelo evento
O G1 tentou contato com o responsável pelo evento “Domingo Cultural”, conhecido apenas como “Júnior”, porém, as ligações feitas para o telefone dele não foram atendidas e caíram diretamente na caixa postal.