Foi preso no início da tarde de hoje (2) o agente fazendário Ary Ferreira da Costa Filho, depois de ser procurado por agentes da Polícia Federal, que deflagrou hoje (2) a Operação Mascate, que é um desdobramento da Operação Calicute, no Rio de Janeiro. Ary Filho, que teve a prisão preventiva decretada pela Justiça, foi preso pela Polícia Rodoviária Federal na Rodovia Presidente Dutra, por volta das 13h30. Ele é acusado de participar do esquema de corrupção liderado pelo ex-governador Sérgio Cabral, segundo as investigações.
Agentes da PRF receberam informações sobre o carro onde o servidor estava e o abordaram na altura da Pavuna, na zona norte do Rio de Janeiro. Segundo a PRF, Ary Filho vestia camiseta, bermuda, chinelos e não levava malas e foi levado para a Superintendência da PF, no centro do Rio de Janeiro.
A defesa de Ary Ferreira da Costa Filho havia garantido, mais cedo, que ele se entregaria espontaneamente ainda hoje à polícia. O advogado de Ary Filho, Júlio Leitão, havia informado que o cliente estava viajando de férias com a família e que “foi pego de surpresa” com a notícia.
Após a prisão, outro advogado do servidor, Marco Aurelio Asseff, disse que o cliente não estava fugindo da Justiça. “Não tem o menor fundamento a tese de que ele estava foragido da Justiça. Não se enquadra”, disse Asseff, que afirmou que Ary está em recuperação de uma cirurgia no joelho e estava de férias em seu sítio, em Miguel Pereira. “Está sofrendo muito com isso. Ele e a família”.
Segundo a PRF, que efetuou a prisão, a Polícia Federal levou Ary de volta para seu sítio em Miguel Pereira, para que ele acompanhe o cumprimento de um mandado de busca e apreensão.
“Ele não tinha conhecimento nenhum, não foi chamado a depor em nenhum momento. Tão logo ele tomou conhecimento da prisão, apressou sua volta. Está voltando de férias com os filhos para se apresentar imediatamente”, disse Júlio Leitão, que também estava na porta da Superintendência da Polícia Federal, zona portuária do Rio de Janeiro.
Investigação
A ordem de prisão e o mandado de busca e apreensão em nove imóveis dele começaram pela manhã.
De acordo com o Ministério Público Federal, Ary Filho era “um dos operadores financeiros mais importantes” da organização chefiada pelo ex-governador Sérgio Cabral.
Ary Filho e Carlos Miranda, outro ex-assessor de Cabral, são acusados de terem usado a LRG Agropecuária (antiga consultoria GRALC) e as concessionárias de automóveis Eurobarra e Americas Barra para lavagem de dinheiro. “O faturamento da GRALC/LRG chega a merecer um estudo de caso nas instituições de ensino de economia e administração. Uma empresa que com um investimento perto do zero, um empregado entre 2007 e 2010 e nenhum empregado entre 2011 e 2014, foi imediatamente alavancada ao topo das empresas de consultoria”, diz documento do MPF.
Segundo os procuradores, a proximidade entre Ary Filho e Sérgio Cabral é demonstrada pelas “sucessivas nomeações para assessorar o político na Assembleia Legislativa (1996), Senado (2004) e governo do Estado (2007 e 2010)”. O assessor especial do ex-governador pediu exoneração em julho de 2010 e retornou ao cargo em outubro, após a campanha à reeleição de Cabral. Ele se manteve nesse cargo na gestão do atual governador Luiz Fernando Pezão, do qual pediu exoneração depois do oferecimento da denúncia da Operação Calicute, em dezembro passado, informou o MPF.
As investigações, de acordo com o ministério, mostram a movimentação de milhões de reais em dinheiro, com a utilização de contratos de gaveta na aquisição de imóveis e veículos por parte do investigado.
A Justiça bloqueou sete imóveis que estão em nome de Ary Filho, localizados na Barra, Recreio, Freguesia e Búzios, e dois automóveis. A Justiça ordenou o bloqueio cautelar dos mais de R$ 8,8 milhões já depositados por Ary Filho nas contas da Eurobarra e Americas Barra. Sua finalidade é assegurar eventual reparação dos danos decorrentes dos crimes cometidos.