Um projeto piloto implantado em Santa Rita do Sapucaí (MG) promete facilitar a vida de deficientes visuais pelas cidades. Através do projeto “Ruas Cegas”, placas 3D levam a identificação das ruas em braille.
“Nós nos questionamos sobre qual é a real utilidade das placas comuns para a cidade. Hoje em dia, ninguém sabe mais de cor os nomes das ruas, mas com o Google Maps e o Waze, você consegue se localizar tranquilamente. É uma obrigação da cidade sinalizar as ruas, porém, as placas estão sendo deixadas de lado”, disse o idealizador da ideia, o publicitário Lucas Amaral.
Diante disso, o publicitário teve a ideia de inserir os deficientes visuais em uma nova realidade, já que, segundo ele, atualmente essas pessoas ficam à margem do que acontece no meio da rua.
“A relação dos deficientes visuais com a cidade é praticamente nula. Eles têm uma percepção da cidade baseada na memória, porque alguém instruiu. Então eles sabem que têm que pegar um ônibus, andar três ruas e chegar em casa. O que acontece durante esse trajeto, eles não fazem a menor ideia. Imagine se a gente conseguisse viver em um lugar onde esses deficientes visuais usassem essa tecnologia, que é extremamente nova e prática. Em breve, ela estará acessível a eles, podendo sinalizar onde fica a padaria ‘x’, o banco tal, porque hoje as cidades não estão preparadas para isso”, diz o publicitário.
Por enquanto, 20 ruas já receberam a sinalização em Santa Rita do Sapucaí. Vias como a Avenida João de Camargo, que vai da praça central ao Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel) e a Avenida Sinhá Moreira, que vai da praça à Escola Técnica de Eletrônica Franciso Moreira da Costa (ETE FMC), já estão sinalizadas. As placas são todas feitas de um material chamado PLA, que é um plástico derretido pela impressora, onde é possível dar a forma desejada através da impressora 3D. A ideia começou a ser implantada durante o Hack Town, evento de tecnologia que apresentou tendências do setor no início do mês na cidade.
“O primeiro dia foi 7 de setembro e a gente escolheu o dia, que é o ‘Dia da Independência’, para trazer também mais independência para os deficientes visuais. O Hack Town é um evento muito grande, trazendo muito foco de pessoas do mundo todo. Eles abraçaram a causa e a gente resolveu fazer o lançamento no evento”, disse Amaral.
Apesar do lançamento recente, outras cidades já se interessaram pelo projeto e negociam a instalação de 50 a 100 placas que vão contribuir para a acessibilidade nos municípios.
“Esta semana já tenho mais duas reuniões agendadas: uma em Pouso Alegre e outra em Jacareí (SP) pra gente já instalar o projeto como um todo. Estamos em processo de negociação, conversando com vereadores que têm uma ampla relação com essa comunidade. É um orgulho danado, conseguir fazer isso a partir do Sul de Minas, explorando todo esse potencial, me faz muito feliz saber que essas cidades, por mais que não sejam tão grandes, estejam de braços abertos para receber o projeto”, disse o publicitário.