Longe de encarar como “um problema” a desigualdade de tempo que tem nos programas eleitorais gratuitos em relação aos dois principais candidatos à Presidência José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), a equipe de comunicação de Marina Silva, do Partido Verde (PV), considera um “desafio” contornar tal disparidade.
Os responsáveis pela elaboração dos programas buscam soluções originais que deverão fugir do perfil tradicional apresentado durante o horário eleitoral gratuito, disse à Agência Brasil o publicitário Paulo de Tarso, um dos coordenadores da equipe de comunicação de Marina. Até por estratégia de campanha, Tarso evitou detalhar como serão os programas, mas garantiu que, com um minuto e 24 segundos de tempo de exposição, terão que trabalhar com instrumentos de comunicação direta, como peças publicitárias.
“No Brasil, nós publicitários trabalhamos com tempos de 15 segundos, 30 segundos e um minuto. Com um minuto e 24 segundos, nossa vocação será necessariamente utilizar textos enxutos e diretos. Não vamos ter coisas tradicionais como povo fala, não temos tempo para revista política”, afirmou Paulo de Tarso.
O coordenador de comunicação ressaltou que a equipe busca soluções originais e já tem “instrumentos de competição” capazes de contornar esta desigualdade perante Serra e Dilma Rousseff. O primeiro programa dos candidatos à Presidência irá ao ar em 16 de agosto.
Nessas duas primeiras semana de campanha, Marina também tem reservado horário para entrevistas a emissoras de rádio de vários estados, para visitação de redações e para participar de sabatinas de jornalistas. Hoje (15), por exemplo, ela conversa com repórteres de uma agência de notícia e de uma rede de TV, em São Paulo. Além disso, as redes de relacionamento na internet serão bem exploradas, segundo o publicitário.
Por e-mail, o cineasta Fernando Meirelles conversou com a Agência Brasil sobre a campanha de Marina Silva. No primeiro semestre, ele foi responsável pela concepção de duas inserções, na televisão, da candidata do PV, segundo Paulo de Tarso. Na campanha, ele estará fora da equipe por conta de compromissos particulares no exterior.
Mesmo assim, Tarso considera que uma vez encerradas as gravações de um longa metragem que Meirelles faz em Londres, ele poderá “dar uma olhada” nos programas. “O Fernando tem nos ajudado e vai continuar ajudando”, disse.
O cineasta destacou que, pela experiência que tem como publicitário, o pouco tempo de exposição da candidata do PV “não significa que vá maquiar os fatos ou tentar vender a imagem construída artificialmente”.
“A única coisa em comum entre filmes publicitários é que devem ser muito diretos, passar a mensagem em pouco tempo e, nesse sentido, o programa da Marina de fato terá algo de publicidade, pois ela tem um minuto apenas para dar o recado”, disse Fernando Meirelles.
Ele ressaltou que, até por questões pessoais da Marina Silva, os responsáveis pela elaboração dos programas enfrentariam dificuldades para passar uma imagem que não condiz com o pensamento da candidata. “A Marina não aceita usar roupas que não pode comprar, jamais toparia passar
por um banho de loja. Acho que de produto e embalagem ela não tem nada”.
Apesar de destacar que está fora do comando de comunicação da candidata do PV, Meirelles deu uma dica de como a sua imagem poderá ser explorada nos programas eleitorais gratuitos: “A Marina é o que há de novo. Para mim, o governo Lula é o fechamento de um período desenvolvimentista que começou com Getúlio Vargas e agora chega ao fim. É hora de racionalizar, combater desperdício, aproveitar recursos de forma racional, reorganizar”.