Quando ainda subia nos ringues em busca de cinturões, Acelino Freitas, o Popó, por mais de uma vez anunciou e desmentiu sua aposentadoria. Agora definitivamente afastado das luvas, o baiano fez o mesmo com a política. Depois de ter afirmado ao UOL Esporte, em maio, que a “política é suja” e que por isso não se candidataria às eleições, o tetracampeão mundial de boxe voltou atrás e, alegando atender ao clamor dos conterrâneos, disputará vaga de deputado.
“A política é muito suja. O salário é baixo. Quando você entra, é difícil não se corromper, e não quero sujar minha imagem”, disse Popó. Na ocasião, ele já adiantava que recebia pedidos dos baianos para seguir carreira na política, mas reiterava que não tinha interesse, por estar se dedicando aos estudos.
“Eu mudei de ideia porque o pessoal estava cobrando isso aí. Pelo que posso fazer pelo social, pelo esporte. Como eu já vinha fazendo este trabalho sem a ajuda de ninguém aqui em Salvador, o pessoal me incentivou”, disse Popó, por telefone, enquanto já fazia campanha em região pobre da capital baiana. Ele concorrerá pelo PRB.
“Outra coisa é essa sujeira que vemos em Brasília. Temos de mudar essa história e eu não preciso disso (da política) para sobreviver, eu vivo muito bem”, diz ele, que lembra um levantamento feito pelo Tribunal Superior Eleitoral. Ele é o quem declarou maior patrimônio entre os ex-atletas que concorrem na eleição, com R$ 2,061 milhões.
O ex-pugilista atualmente tem projetos sociais e duas academias de boxe. Vive, no entanto, principalmente com investimentos em imóveis, que começaram quando ele passou a ganhar grandes bolsas nas lutas por título mundial. Sua ideia inicial, enquanto estuda direito na Faculdade Batista Brasileira (FBB), era de se tornar delegado ou desembargador, em resposta a uma acusação de ser mandante de um homicídio, a qual já foi inocentado.
Popó já teve experiência política. Entre setembro de 2007 e dezembro de 2008, foi secretário de Esportes, Lazer e Entretenimento, mas alega que não conseguiu colocar em ação seus projetos quando estava na prefeitura soteropolitana, uma vez que não recebia as verbas necessárias.
“Eu trabalhava no Executivo. Acho que no Legislativo será bem mais fácil. Eu dependia de muita gente para fazer liberação de verba e não deu para fazer o trabalho. Por isso deixei o cargo”, explica ele.
Popó afirma ainda que quer usar seu histórico no esporte para desenvolver projetos nesta área e na social. “Tenho vontade de fazer, vou mostrar a que vim, ainda mais em um período de Copa e Olimpíadas. Quero construir um Centro Olímpico na Bahia, voltado para 2016, com várias modalidades”, planeja o baiano, de olho principalmente no jejum de medalhas do boxe, que não vai ao pódio olímpico desde 1968, com o bronze de Servílio de Oliveira.