O Partido dos Trabalhadores (PT) entrou nesta quinta-feira (2) com uma nova representação criminal por calúnia contra o candidato à presidência do PSDB José Serra, que acusa a campanha da petista Dilma Rousseff de produzir um dossiê com a quebra de sigilo de tucanos. Esta já é a quinta resposta semelhante contra os ataques.

Ainda hoje, o partido promete entrar com uma outra ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para solicitar que seja investigado se Serra cometeu um crime eleitoral ao indicar que a campanha do PT e Dilma foram os responsáveis pelo vazamento dos dados sigilosos.

O abuso, nesse caso, teria sido apontar um culpado mesmo não tendo certeza sobre quem estava diretamente envolvido na montagem do dossiê. Para este tipo de crime, segundo um dos coordenadores de campanha de Dilma, José Eduardo Cardozo, a punição é de dois meses a um ano de prisão.

Uma terceira representação deve ser entregue na Procuradoria Geral da República, solicitando que se apure as últimas declarações do presidente do PSDB, Sérgio Guerra, que responsabilizam Dilma e petistas do governo pela violação do sigilo.

“É uma tentativa desesperada de enfrentar a sua condição eleitoral para tentar reverter o quadro. Mas a população sabe muito bem quem é quem. Sabe muito bem que o correto nesta hora é discutir propostas. E aquele que é derrotado tenta ganhar no tapetão”, justificou Cardozo.

“Conta-gotas”
O vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, avaliou nesta quinta-feira (2) que a Receita Federal está informando a “conta-gotas” a imprensa sobre as investigações do vazamento de dados sigilosos de aliados do candidato tucano à Presidência da República, José Serra. “É claro que existe uma operação ‘abafa'”, considerou.

De acordo com o tucano, o Fisco já tinha informações sobre a quebra de sigilo fiscal da filha de Serra, a empresária Verônica Serra, antes da entrevista coletiva dada na última sexta-feira (27).

Na avaliação de Eduardo Jorge, é clara a intenção do órgão de postergar os resultados das apurações sobre as denúncias para depois das eleições, que ocorrem em 3 de outubro.

“Quem sou eu para dizer quem deve ser demitido ou não. A saída dele [secretário da Receita, Otacílio Cartaxo] não resolveria o problema”, disse. “Não estou dizendo que ele é cúmplice disso. O problema não foi o marginal que acessou, mas quem pediu”, explicou.

Eduardo Jorge relembrou em entrevista coletiva o esforço da coligação de Serra para que o TSE investigue o caso como suposto crime eleitoral. O pedido foi protocolado ontem (1).

Entenda o caso
Em junho deste ano, a Folha de S. Paulo revelou que o ex-secretário-geral da Presidência no governo FHC e atual vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, teve o sigilo fiscal quebrado para alimentar um suposto dossiê feito por petistas.

Nas últimas semanas, mais três tucanos –Mendonça de Barros, Ricardo Sérgio de Oliveira e Gregório Marin Preciado–, além de Verônica Serra, também tiveram os dados sigilosos do Imposto de Renda quebrados.

A Polícia Federal investiga a compra e venda de informações na Receita. Ao menos quatro servidores do órgão estão sendo investigados.

A procuração falsa que foi usada para acessar os dados sigilosos da filha de Serra já foi recebida pelo Ministério Público Federal em Brasília, que afirmou que o documento foi incluído no inquérito do caso.