Recém nomeada ao cargo de presidente da Câmara de Vereadores de Dourados (250 km de Campo Grande), a segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul, Délia Razuk (PMDB) afirmou em entrevista ao UOL Notícias que não pensa em pedir novas eleições e que a prioridade agora é restabelecer a ordem na Câmara, pois “Dourados não pode parar”.
Com oito votos, Délia assumiu o cargo na última segunda-feira (13), durante a segunda sessão na Câmara após operação da Polícia Federal que acabou com a prisão do prefeito, Ari Artuzi (PDT), do vice, da primeira-dama, de quatro secretários municipais, do presidente da Câmara e de mais oito vereadores. Atualmente, o prefeito interino da cidade é o juiz Eduardo Machado Rocha, 53.
Após a nomeação, um novo tumulto marcou a sessão que precisou ser encerrada e remarcada para a próxima segunda-feira (20). Na ocasião, os manifestantes usaram pedras e pedaços de madeira para quebrar uma porta. Vidraças laterais também foram destruídas.
Essa é a segunda vez que manifestantes invadem a Câmara durante sessão. Na primeira, um manifestante atirou o sapato no vereador Aurélio Bonatto (PDT), um dos que havia sido detido na ação policial.
O primeiro ato da nova presidente foi registrar um boletim de ocorrência no 2º DP após a confusão. Na ocasião, ela lamentou o ocorrido e conclamou o apoio da comunidade no sentido de se restabelecer a ordem. “Dourados não pode ser penalizada. É preciso que retomemos a normalidade. Como está, a cidade perde, os políticos perdem, principalmente, a população perde. O momento não é de violência e, sim, de reflexão”.
UOL Notícias: A senhora pretende assumir a prefeitura agora que está na presidência da Câmara ou pretende pedir novas eleições?
Délia Razuk: Agora, o momento é de trabalhar para restabelecer a ordem na Câmara, para que o Legislativo e o Executivo possam exercer suas funções com empenho e segurança. A meta agora é assegurar e criar condições de trabalho. Dourados não pode parar.
UOL Notícias: A senhora pensa em pedir novas eleições?
Délia Razuk: Por enquanto não tem nenhuma conversa nesse sentido, isso é com o MPE e com a Justiça.
UOL Notícias: Qual o sentimento ao ver essa confusão na Câmara por duas vezes seguidas?
Délia Razuk: De tristeza, é claro! Acredito que o cidadão tem o direito de protestar, no entanto, estes atos de violência em nada cooperam para restabelecer a ordem nos poderes Legislativo e Executivo. A situação exige a compreensão e a passividade de todos.
UOL Notícias: Os prejuízos já foram contabilizados?
Délia Razuk: Ainda não. A direção geral está fazendo um levantamento a pedido da polícia que está acompanhando o caso.
UOL Notícias: Qual é a expectativa para a próxima sessão?
Délia Razuk: A expectativa é que haja sessão normalmente. Pois os vereadores precisam exercer suas atividades. Seguiremos o mesmo esquema de segurança da sessão passada, porém, pediremos reforços para garantir a integridade física de todos.
UOL Notícias: Já existe um relatório pedindo o impedimento do prefeito?
Délia Razuk: Não há relatórios neste sentido. A Câmara passa por muitas mudanças e estou focada, junto com os demais vereadores, em resolver todas as questões que envolvem a ‘Casa de Leis’. Temos responsabilidades e vamos cumprir com nossa obrigação.