Os brasileiros convocados para trabalhar nas eleições presidenciais do próximo dia 3 de outubro passarão por um treinamento na semana que vem. Mesários, presidentes de seção e secretários vão conhecer o sistema eletrônico de votação e aprender a trabalhar com a urna.

“Já recebemos o material impresso, nos pediram para estudar as instruções na página do Tribunal Eleitoral na internet, e agora vamos passar por um treinamento prático no dia 23”, diz Margareth Aragão, que vai trabalhar em Maputo, capital de Moçambique.

“Fomos abordados pela embaixada antes da convocação, e todos aceitaram de bom grado”, diz Margareth, que será primeira-secretária. Ela já trabalhou em eleições como apuradora de votos, ainda quando morava no Brasil, há mais de 20 anos. “Mesmo estando longe é muito importante participar. Do contrário, seria uma omissão.”

O engenheiro Pedro Chaves dos Santos também foi chamado. Ele vive em Moçambique há 32 anos e saiu do Brasil por causa da repressão política. Por isso, não deixa de participar, mesmo vivendo longe.”Temos que aproveitar esses momentos privilegiados, de exercer nosso direito de voto”, diz ele. “É uma questão de cidadania e de consciência política. Eu sempre participei da política brasileira mesmo estando no exterior. E o voto é muito importante”, afirma.

Em Moçambique, os diplomatas estimam que cerca de 300 dos 463 inscritos em Maputo votem. Muitos não conseguem ir aos locais de votação, por causa da distância. Boa parte da comunidade brasileira vive no Norte do país, como missionários religiosos ou funcionários da mineradora Vale, instalada em Tete, província a mais de 1,5 mil quilômetros da capital.

Maputo tem o segundo maior contingente de eleitores inscritos para votar na África, ficando atrás apenas de Pretória (Africa do Sul), com 476. A capital moçambicana é uma das 126 cidades fora do Brasil onde serão instaladas seções de votação no próximo dia 3 de outubro, em um total de 94.

Pelos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 200.392 brasileiros estão aptos a votar no exterior. É mais do que o dobro do que havia no pleito de 2006, quando 86 mil eleitores inscreveram-se. Mas ainda é pouco comparado com o total de brasileiros que vivem no exterior, estimado em 3 milhões pelo Ministério das Relações Exteriores.

Todo brasileiro, mesmo vivendo no exterior, é obrigado a se alistar e votar para presidente da República se tiver entre 18 e 70 anos. As exceções são as mesmas aplicadas para residentes no Brasil (analfabetos e portadores de deficiência física ou mental que “impossibilite ou torne extremamente oneroso” o cumprimento das obrigações).

Quem, mesmo vivendo fora do país, mantiver o título cadastrado no Brasil e não for votar precisa justificar a ausência. A votação fora do Brasil é de responsabilidade do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal, com o apoio dos consulados ou missões diplomáticas.