O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, defendeu hoje (2) que o Conselho de Segurança das Nações Unidas busque uma “resposta consensual” para encerrar a crise na Síria. Segundo ele, o governo do Brasil é favorável à definição de um “denominador comum” que acabe com a violência na região e leve às reformas estruturais reivindicadas pelos sírios. O chanceler reiterou ainda a “indignação” do Brasil com os atos de violência na Síria.

“Expressamos ontem, em nota à imprensa, nossa indignação com esses acontecimentos recentes. Instamos o governo sírio a cumprir o que eles próprios prometeram: reformas com sentido de urgência”, disse Patriota, após reunião com o alto comissário das Nações Unidas para Refugiados, António Guterres, no Itamaraty. Ao manifestar a indignação brasileira, o chanceler referia-se à morte de 140 civis no fim de semana em decorrência de conflitos com forças ligadas ao governo sírio.

Segundo o chanceler, como em ocasiões anteriores, o Brasil está em consulta com os demais membros do Conselho de Segurança da ONU, na medida do possível em busca de uma resposta consensual. “As afirmações adotadas por consenso [pela entidade] têm muito mais força, como foi por exemplo, a resolução sobre a Líbia [condenando os atos de violência]”, acrescentou Patriota.

O ministro lembrou os esforços na busca de um “denominador comum” e ressaltou que o grupo do Ibas (Índia, Brasil e África do Sul) negocia o envio de representantes para a Turquia, onde se concentram as articulações com a Síria. “Estamos privilegiando neste momento a coordenação do Ibas e negociando termos de transferência para uma gestão conjunta dos três países com as autoridades de Damasco, instando o governo sírio a proceder as reformas dentro do mais breve prazo e a pôr fim à violência, que já resultou em mortes em uma escala inteiramente inaceitável, que precisa ser objeto de uma reação que ponha fim a esse processo.”

No Conselho de Segurança das Nações Unidas, os representantes do Brasil articulam a aprovação de uma medida denominada declaração presidencial. Nela, o órgão emite uma espécie de alerta ao governo da Síria, repudiando a violência e apelando pela execução de reformas e pela defesa das liberdades fundamentais.

O agravamento da crise na Síria é tema de mais uma reunião hoje no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Ontem (1º) a reunião terminou sem consenso e sob tensão. Europeus e norte-americanos defenderam a ampliação de sanções e restrições à Síria. A Rússia se manifestou contrariamente.

O Conselho de Segurança é formado por 15 países, dos quais cinco são permanentes. Se houver resistência de um deles, a decisão não é definida. Os membros permanentes são: China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos. Os assentos rotativos são ocupados por Bósnia e Herzegovina, Alemanha, Portugal, Brasil, Índia, África do Sul, Colômbia, Líbano, Gabão e Nigéria.

Paralelamente, são discutidas propostas de resolução, como defendem os europeus e norte-americanos, e também de declaração à imprensa, que tem o peso de uma prestação de contas à comunidade internacional.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Tovar Nunes, disse que o acirramento da situação na Síria não permite demora na definição de medidas.“Não é aceitável cruzar os braços e esperar que a situação se resolva por si só.”