Em documento discutido anteontem em reunião de seu diretório nacional, o PT defende a reforma ministerial e ajustes na política econômica entre as prioridades do governo Dilma Rousseff para o segundo semestre.
A Folha teve acesso ao texto, que ainda depende da aprovação do comando executivo petista. A resolução prevê a continuidade dos protestos que mobilizaram o país em junho até 2014, ano da Copa do Mundo no Brasil e das eleições presidenciais.
O partido entende que “nada indica que haverá refluxo das manifestações principalmente em ano eleitoral”.
Numa prova de apreensão com a disputa do ano que vem, o comando do PT admite, no texto, a realização de dois turnos na disputa pela Presidência.
“Sabemos ter pela frente um período de intensa luta política e ideológica, incluindo aí dois turnos de eleições presidenciais, para governo, Senado, deputados federais e estaduais”, diz. O texto será aprovado na próxima reunião da Executiva Nacional e ainda poderá sofrer modificações.
No documento, a cúpula do PT cobra a reaproximação dos movimentos sociais e mobiliza sua militância para recuperar a credibilidade da sigla e das instituições políticas, com a participação no “Grito dos Excluídos” no dia 7 de Setembro e nas organizações programadas para a segundo jornada de lutas da juventude”, em agosto.
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Os manifestantes que foram às ruas em junho rejeitaram a participação de partidos políticos. “As manifestações instalam e abrem já, aqui e agora, a disputa pelo futuro do Brasil. Por isto exigem novo tempo para o governo Dilma, para o PT e para os partidos aliados”, diz o documento.
O texto afirma que os protestos mostram que há um “esgotamento e deterioração” de parte das atuais instituições políticas, o que inclui as alianças firmadas pelo PT desde o governo Lula.
ALIANÇAS
Mesmo sem citar o PMDB, principal aliado do governo, o documento cobra o rompimento com parceiros chamados de “conservadores”.
“Vitoriosos nas eleições de 2002, mas sem condições de formar uma maioria parlamentar de esquerda, o PT e o governo tiveram de executar uma política de reformas baseada em alianças cujos parceiros não se dispunham, nem se dispõem, a romper com os limites da institucionalidade conservadora”, diz Falcão no texto.
Diante da dificuldade em aprovar projetos e de conseguir apoio entre os aliados, o líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), reclamou da atuação dos aliados, inclusive o PMDB.
O PT e Dilma viram governistas barrarem dois dos “cinco pactos em favor do Brasil” divulgados no mês passado como resposta às ruas: o plebiscito sobre a reforma política com efeito nas eleições de 2014 e a destinação de 100% dos royalties do petróleo para educação.
O documento cobra ainda que Dilma faça um balanço de dez anos das ações do governo contra à corrupção, assim como o lançamento de um plano de combate ao crime.
Andre Borges/Folhapress | ||
O presidente nacional do PT, Rui Falcão (à esq.), e dirigentes do partido em reunião que aconteceu em Brasília no sábado (20) |