Maior alvo da trolagem dos internautas durante o debate presidencial da TV Bandeirantes na terça-feira, 26, o candidato do PV, Eduardo Jorge, disse na saída da emissora que não teve intenção de ser irreverente: “Fui o que sou há trinta anos”, declarou.
Como nem os candidatos da extrema esquerda fizeram, Eduardo Jorge chamou atenção pela defesa em elevado tom de voz do direito ao aborto das mulheres, do voto facultativo, do parlamentarismo e da legalização das drogas.
Sempre com as mãos soltas e com bastante gesticulação, o presidenciável do PV citou Mahatma Gandhi, Leon Tolstói e John Lennon. Lembrou da Guerra do Vietnã e, em resposta a Luciana Genro, disse ser a favor da “paz mundial”: “A Luciana não gosta de paz e amor, mas eu gosto. Paz e amor não quer dizer covardia. Não quer dizer falta de capacidade de enfrentar o debate. Paz e amor são ideias de gente como Gandhi, Leon Tolstoi e John Lennon. Nós podemos sim. E o PV é o partido revolucionário em vários aspectos. Queremos a revolução com democracia, repudiando qualquer forma de autoritarismo de esquerda e de direita. Com uma cultura de paz transformando a cultura de guerra, que fez o século XX ser o século da destruição”, filosofou Eduardo Jorge durante o debate.
O ponto alto da excêntrica participação dele no debate, contudo, foi quando o candidato questionou as ideias de Marina Silva (PSB) sobre a dívida externa brasileira e chamou a candidata de “magrinha”: “Se auditar a nossa dívida e colocar ela numa ressonância, ela vai sair magrinha, parecida com você”, declarou Eduardo Jorge, arrancando risos da platéia e olhares furiosos da oponente.
Perguntado na saída do debate se teve a intenção de provocar Marina ao chamá-la de “magrinha” e alertado sobre a enorme repercussão da frase nas redes sociais o candidato espantou-se: “É mesmo? Não consegui ver a reação na hora, mas eu estava elogiando ela. Você acha que ela ficou brava?”, perguntou ao repórter.
Informado de que a expressão da candidata não fora muito boa e que ganhou destaque nas redes sociais por isso, Eduardo Jorge se justificou: “É um mal entendido. Marina é minha amiga e é muito querida. Eu tava era fazendo um elogio. Jamais tive a intenção de ofendê-la”, revelou ele.
Médico sanitarista, Eduardo Jorge nasceu em Salvador e foi filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT) até 2003, quando saiu por divergências com a direção partidária e passou a integrar o PV. Na PT, Eduardo Jorge foi deputado federal e estadual por São Paulo, além de secretário dos governos de Luiza Erundina (1989-1990) e Marta Suplicy (2001-2002).
Já no PV, foi secretário de Meio Ambiente das gestões de José Serra e Gilberto Kassab. Na época de estudante de medicina na Paraíba, Eduardo Jorge militou no movimento estudantil contra a Ditadura Militar, fazendo parte do PCBR (Partido Comunista Brasileiro Revolucionário). Ele foi enquadrado duas vezes na Lei de Segurança Nacional daquela época sob acusação de ser subversivo.
Questionado se a defesa apaixonada da legalização das drogas que fez no debate tem alguma relação com o passado hippie e revolucionário, o candidato gargalhou: “Hippie ainda sou, mas só de vez em quando”.
Durante a transmissão do debate, Eduardo Jorge esteve entre os assuntos mais comentados do Twitter, na contagem dos chamados Trending Topics.
Ao ser informado que se transformou em celebridade instantânea nas redes sociais, virando meme e sendo chamado de “novo Plínio de Arruda Sampaio” pela atuação pra lá de engraçada, Eduardo Jorge não se fez de rogado: “Falei o que penso e esclareci os ideais do meu partido. Não sei o que é meme. Mas se for coisa boa, fico feliz que a mensagem tenha chegado aos jovens. É da força deles que o PV precisa”, finalizou o candidato.