Em acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF), o doleiro Alberto Youssef afirmou que os ex-ministros da Casa Civil José Dirceu e Antônio Palocci eram “ligações” do executivo da Toyo Setal Júlio Camargo com o Partido dos Trabalhadores (PT). Apontado como um dos intermediários das propinas pagas no esquema de corrupção que atuava na Petrobras, Camargo é um dos delatores da Operação Lava Jato. O depoimento de Youssef foi dado em outubro do ano passado e tornado público nesta quinta-feira (12).

Preso desde março em Curitiba, o doleiro relatou aos policiais federais que o executivo da Toyo Setal tinha “ligações” com o PT, “notadamente” com Dirceu e Palocci. Segundo Youssef, Camargo é “amigo” de José Dirceu.

G1 procurou os advogados de Palocci e Dirceu e a direção do PT, mas até a última atualização desta reportagem não havia obtido retorno. O PT nega o recebimento de propina.

Na última quinta-feira (5), o presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse que todas as doações feitas ao seu partido são legais. O dirigente petista também garantiu que todas as contas da legenda foram aprovadas pela Justiça Eleitoral.

No depoimento, Youssef disse ainda que Dirceu usou “diversas vezes” um avião de Júlio Camargo. O doleiro, no entanto, não soube informar o motivo de o ex-ministro ter viajado na aeronave. Ele relatou aos policiais que a utilização da aeronave ocorreu após Dirceu ter deixado o comando da Casa Civil, em 2005.

“[Alberto Youssef disse] que acredita que José Dirceu tenha uma relação ‘muito boa’ com Júlio Camargo, pois aquele [Dirceu] utilizava a aeronave Citation Excel de propriedade deste [Camargo]. Que, conforme já dito em termo anterior, [Youssef] destaca ainda que Júlio Camargo possuía ligações com o Partido dos Trabalhadores – PT, notadamente com José Dirceu e Antônio Palocci”, informou a Polícia Federal em documento.

Alberto Youssef também contou à Polícia Federal que teve acesso a um arquivo mantido em um pen drive por Franco Clemente Pinto, responsável, segundo ele, pela contabilidade dos supostos pagamentos de propina e caixa dois do executivo da Toyo Setal. De acordo com o doleiro, neste pen drive eram armazenadas todas as movimentações financeiras de Júlio Camargo.

Youssef disse que eram utilizadas siglas na contabilidade ilícita de Franco para se referir aos destinatários de pagamentos irregulares. O doleiro destacou que ele próprio era tratado como “Primo” na planilha. Já Dirceu, observou Youssef, era chamado de “Bob”.

 

VALE ESTE - Arte Lava Jato 7ª fase (Foto: Infográfico elaborado em 15 de novembro de 2014)