O governo e a cúpula do PT pressionam o tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, a se afastar do cargo. Alvo da Operação Lava Jato, Vaccari foi denunciado à Justiça pelo Ministério Público Federal, na tarde de ontem, por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Em conversas reservadas, dirigentes do PT dizem que a situação de Vaccari é “insustentável”.
O argumento dos petistas que pedem o afastamento do tesoureiro é que o PT e a presidente Dilma Rousseff vivem uma crise política de alta intensidade e sua permanência causaria ainda mais desgaste para o partido e o Palácio do Planalto.
Questionada sobre a denúncia contra Vaccari Dilma não o defendeu. Ao contrário, aproveitou para dizer que a denúncia contra ele joga por terra os comentários de que o governo interfere em investigações do Ministério Público.
Mesmo quem apoia Vaccari no partido argumenta que ele precisa se afastar para se defender e lembra que isso já foi feito por Ricardo Berzoini, seu amigo e hoje ministro das Comunicações. Em 2006, Berzoini presidia o PT, coordenava a campanha à reeleição do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e teve o nome associado ao escândalo dos aloprados, que se referia à compra de um dossiê com denúncias contra tucanos. Por ordem de Lula, Berzoini se afastou da campanha e do partido. No ano seguinte, reassumiu o comando do PT.
Antes, em 2005, o PT expulsou o tesoureiro Delúbio Soares, no rastro do mensalão.
O advogado Luiz Flávio Borges D?Urso, defensor de Vaccari, disse ontem que o tesoureiro “não participou de nenhum esquema para recebimento de propina ou de recursos de origem ilegal destinados ao PT”.