Com a posse do governo interino e asmedidas de estabilização propostas pela nova equipe econômica, o mercado financeiro começa a rever projeções para a economia. As expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas produzidas no País) dão os primeiros sinais de reversão e a queda da atividade econômica pode se tornar menos intensa.
Dados do Boletim Focus, uma publicação semanal na qual o Banco Central reúne as projeções de cerca de 100 analistas, mostra que os economistas começam a desenhar números melhores para futuro.
Apenas entre a semana passada e essa, as projeções para o PIB de 2016 melhoraram em 0,10 ponto percentual: antes, esperava-se uma queda de 3,81%; agora, de 3,71%.
Alexandre Cabral, professor de economia da Fundação Instituto Administração (FIA), avaliou o resultado do PIB do primeiro trimestre, que mostrou uma queda de 0,3%, como surpreendente. “As expectativas deram uma melhora para 2016”, observou.
“Estou um pouco mais otimista que a média do mercado, acho que o PIB deste ano deve ficar próximo de -3%. Ainda faltam seis meses para o ano acabar e tudo pode mudar, mas estou menos pessimista”, afirmou.
Cenários
Esses números podem melhorar mais nas próximas semanas. O resultado do PIB do primeiro trimestre, que mostrou uma queda menor que o esperado, contribuiu positivamente para a mudança nas últimas projeções do mercado e parte dos analistas ainda não teve tempo de rever seus cenários após a divulgação do dado.
O presidente interino, Michel Temer, durante entrevista na semana passada para um canal de televisão, afirmou que o novo governo começa a produzir efeitos positivos, apesar de ter apenas alguns dias.
“Quero registrar que a queda do PIB foi menor do que aquela que se esperava. Esperava-se 0,8% e caiu 0,3%. O que já é um indicativo de que este brevíssimo período em que nós estamos governando já produziu algum efeito positivo”, argumentou o presidente.
As expectativas também apresentaram uma melhora para o próximo ano. Entre a semana passada e esta, a projeção para o PIB de 2017 passou de uma alta de 0,55% para 0,85%.
Antes de o governo interino assumir, quando o País ainda estava em meio a um processo de deterioração da confiança, as projeções para a economia no próximo ano chegaram a mostrar um crescimento de apenas 0,20%.