O presidente do Conselho de Ética do Senado, João Alberto Souza (PMDB-MA), informou nesta sexta-feira (23) ter arquivado o pedido de cassação de Aécio Neves (PSDB-MG).
O G1 procurou a assessoria de Aécio e aguardava resposta até a última atualização desta reportagem.
Após as delações da JBS se tornarem públicas, no mês passado, os partidos Rede e PSOL pediram a cassação do mandato de Aécio por quebra de decoro parlamentar. Cabe ao conselho analisar esse tipo de pedido e, se der prosseguimento, encaminhar um parecer ao plenário da Senado.
O tucano está afastado do mandato desde o mês passado, por determinação do Supremo Tribunal Federal. Ele tem negado todas as acusações dos delatores e afirmado que provará a inocência.
Ao G1, João Alberto explicou a decisão:
“Decidi arquivar porque não achei elementos convincentes para processar o senador.”
Em seguida, o presidente do Conselho de Ética acrescentou:
“Me parece que fizeram uma grande armação contra o senador Aécio. Fizeram com que ele entrasse naquilo, inclusive, de acordo com a Polícia Federal. Eu não vejo motivo, não me convence, pedir cassação de um senador eleito por milhões de votos em função de uma armação feita com o senador.”
Mesmo com a decisão de João Alberto de arquivar o processo, qualquer integrante do conselho pode recorrer ao plenário, em até dois dias úteis, desde que conte com o apoio de cinco parlamentares.
Suplente do conselho, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) informou nesta sexta que buscará o apoio de outros parlamentares do colegiado para recorrer da decisão.
“Vou encaminhar um ofício a todos os integrantes do Conselho de Ética para recorrer dessa decisão […]. Se um manifesto esquema de recebimento de propina não for quebra de decoro parlamentar, nada mais é”.
Suspeitas
Segundo o Ministério Público Federal, Aécio Neves agiu em conjunto com o presidente Michel Temer para barrar as investigações da Operação Lava Jato.
Com base nas delações da JBS, o Ministério Público denunciou Aécio pelos crimes de corrupção passiva e obstrução de Justiça.
Bastidores
Há cerca de duas semanas, a colunista do G1 Andréia Sadi informou que, com o objetivo de manter o PSDB no governo, interlocutores do presidente Michel Temer sinalizaram aos tucanos que podem apoiar um candidato do partido na eleição de 2018 e poderiam atuar no Conselho de Ética para salvar o mandato de Aécio.
Pedido de prisão
No âmbito do Supremo Tribunal Federal, está em análise um pedido de prisão de Aécio Neves apresentado pela Procuradoria-Geral da República. Não há marcada para o julgamento do pedido.
Segundo o chefe do Ministério Público, Rodrigo Janot, há “risco grave e contreto” de que as “ações criminosas já iniciadas” por Aécio “atinjam seu objetivo”. Janot diz, também, que “parlamentares corruptos do quilate” do tucano, além de “comparsas de longa data”, podem atuar contra a Lava Jato.
Na avaliação do procurador, as condutas atribuídas a Aécio são “profundamente perturbadoras”.
O pedido de prisão chegou a ser incluído na pauta de votações da Primeira Turma do STF desta semana, mas o Supremo adiou o julgamento do caso.
Íntegra
Nesta sexta, a assessoria de João Alberto também divulgou uma nota sobre a decisão do presidente do Conselho de Ética. Leia a íntegra abaixo:
O senador João Alberto Souza, presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado Federal, informou nesta sexta- feira, 23, que não admitiu a representação em desfavor do senador do PSDB- MG, Aécio Neves.
“Indeferi por falta de provas”, afirmou o senador.
Segundo o senador, os membros do conselho têm dois dias úteis para recorrer com o apoiamento de pelo menos 5 integrantes.