Trabalhadores dos portos de Salvador, Ilhéus e Aratu, na Bahia, completam nesta quarta-feira três dias de uma greve que está gerando perdas diárias de R$ 20 milhões, segundo estimativa da administração dos portos.
Os grevistas reivindicam a assinatura de acordo coletivo que prevê itens como reajuste salarial de 10,75% e discussão da jornada de trabalho.
Juntos, os três portos afetados pela greve movimentam R$ 20 bilhões por ano em exportações e importações, e um volume de negócios de cerca de R$ 28 milhões a R$ 30 milhões por dia.
Nesta quarta-feira, uma grande fila de caminhões congestionava o trânsito no bairro do Comércio na Cidade Baixa, em Salvador, aguardando uma definição da greve dos trabalhadores portuários.
Os portuários rechaçam também a decisão dos dirigentes da Companhia Docas da Bahia (Codeba) de reduzir a jornada de trabalho de 12 horas para 8 horas por dia e, consequentemente, cortar o pagamento de horas extras alegando a crise econômica mundial, que teria provocado uma queda de 30% no volume de negócios nos portos baianos.
De acordo com a Codeba, os portuários vão ser compensados, mas ainda não foi revelada a estratégia a ser adotada.
Segundo o presidente do sindicato dos portuários, Ulisses Júnior, a categoria trabalha desde 2002 em plantões de 12 horas com hora extra já definida. O sindicalista diz que estão mantidos o fornecimento de água para os navios, plantão de eletricista, posto médico e um técnico de segurança. Entretanto, os serviços de atracação de navios, pesagem de carga e armazenagem estão suspensos enquanto durar a paralisação.
Na noite da terça-feira (21), a Justiça concedeu à Codeba liminar assegurando o carregamento e descarregamento dos caminhões com produtos transportados por via marítima. A multa prevista para o caso de descumprimento da liminar e de R$ 80 mil por dia.
A diretoria da Codeba enviou ao sindicato uma lista, dividida por categoria, dos trabalhadores que deverão retornar aos seus postos. “Estamos com os portões abertos para que as atividades sejam retomadas. Acreditamos que o bom senso prevalecerá”, disse o diretor presidente da Codeba, Newton Ferreira Dias.
Até o meio-dia desta quarta-feira (22) ainda não havia movimentação nos portos.
Com a greve, apenas veículos que transportam produtos perecíveis, como alimentos e medicamentos, estão sendo liberados.
Os representantes dos grevistas, porém, informaram que irão recorrer à Justiça para derrubar a liminar que exige que 50% do efetivo de 350 portuários permaneçam em atividade.
A fila de caminhões aguardando a retomada das atividades no Porto de Salvador ocupa boa parte da pista direita da Avenida da França. A Superintendência de Trânsito e Transportes de Salvador (Transalvador) colocou agentes no local para organizar o tráfego.