Para o governador de São Paulo, José Serra, o Brasil tem “boas chances” de voltar a crescer cerca de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) no próximo ano, mas os juros altos e o câmbio ainda continuam sendo uma grande preocupação para a economia. Em entrevista aos jornalistas Helena Chagas e Florestan Fernandes da TV Brasil, que vai ao ar na noite de hoje (26), Serra evitou falar em eleições e quando perguntado sobre sua possível candidatura à Presidência da República disse que essa decisão só deve ocorrer no ano que vem.
“Se antecipa muito essa discussão eleitoral, tenho muito trabalho aqui, como governador de São Paulo. Campanha eleitoral antecipada não enche barriga”, disse.
Serra voltou a fazer críticas à política monetária, embora admita que os sinais da economia são positivos. “Acho que tem boas chances de crescer isso (5%). O que me preocupa na economia brasileira é outra coisa. Acho que os juros continuam muito altos e isso prejudica indiretamente, através do câmbio, as nossas exportações. Estamos com problemas nas atividades exportadoras e elas têm uma responsabilidade grande sobre o emprego e também barateia, de maneira não justa, as importações que concorrem com produtos que são feitos aqui”, criticou.
Para Serra, o Banco Central cometeu um equívoco ao não ter aproveitado o momento de crise econômica para baixar “os juros mais depressa e mais fortemente como aconteceu no mundo inteiro”.
“Nenhum país da América Latina tem os juros tão altos [quanto o Brasil]. E isso não é bom a médio e longo prazo”, acrescentou. E citou ações e programas do governo paulista, tais como o Emprega São Paulo, o oferecimento de linhas de financiamento para a compra de eletrodomésticos e automóveis e o crescimento na oferta de cursos técnicos como medidas que foram tomadas positivamente para “segurar” a atividade econômica e o nível de emprego no estado, apesar da crise econômica mundial.
O governador também confirmou que estará presente na Conferência do Clima, em Copenhague, na Dinamarca, mas mostrou dúvidas sobre o sucesso do evento. “Não está fácil. Mas acho que Copenhague pode ser um foco, um lugar, um momento de muita pressão não sobre o Brasil, mas sobre os Estados Unidos e a China que são os dois principais, entre aspas, poluidores do mundo”. Segundo Serra, Copenhague exigirá que se “vá além de uma declaração de intenções” que, em sua visão, “não resolve o problema ambiental”.
Numa rápida comparação com a intenção que será levada pelo governo federal a Copenhague, Serra afirmou que no estado paulista – que anunciou que pretende reduzir em 20% a emissão de carbono até 2020 – a preocupação não é com a de se reduzir a velocidade da emissão, mas de “diminuir o carbono que vem basicamente do transporte e da indústria”.
“Não é a redução da velocidade da emissão do carbono, ou seja, passar um carro de 80 km por hora para 60. É você emitir menos carbono. A meta do governo federal é mais a da redução de velocidade”, comparou.