O crescimento da rede de franquias McDonald’s no Brasil será agressivo nos próximos anos. O ritmo de 24 lojas abertas em 2009 poderá até triplicar. A meta é dobrar de tamanho até 2016, quando o Brasil abriga os Jogos Olímpicos. Sem revelar os números absolutos da estratégia, o argentino Woods Staton, presidente da Arcos Dourados, o maior franqueado da rede de fast food americana no mundo, confirma a intenção. A Arcos é dona de mais de 1,8 mil lojas em 19 países da América Latina – 573 delas no Brasil.
Staton veio ao País para participar do jantar beneficente promovido pela Fundação Ronald McDonald’s, instituição sem fins lucrativos que apoia crianças com câncer.
O faturamento da Arcos Dourados – que tem como sócios os fundos Gávea Investimentos (do ex-presidente do BC Armínio Fraga), DLJ South America Partners (fundo ligado ao Credit Suisse) e Capital International (do The Capital Group Companies) – foi de US$ 3,5 bilhões em 2008 e deve fechar o ano com um crescimento de mais de 5%, segundo projeções de Staton.
A seguir, os principais trechos da entrevista:
Como a empresa fecha o ano?
Melhor do que em 2008. O primeiro semestre foi difícil, mas o último semestre compensou. Teremos um crescimento pequeno, algo em torno de 5% este ano. Crescemos menos, mas crescemos. Abrimos 80 novos restaurantes este ano, sendo 24 deles no Brasil.
O melhor desempenho entre os 19 países onde a Arcos Dourados está presente foi o do Brasil?
Não. Há países bem menores que tiveram melhor desempenho. Dos países grandes e significativos, o Brasil, graças à eficiência no combate à crise global, foi o melhor. O avanço do poder de consumo da classe C é um fator relevante para o nosso negócio. Não posso dar números para não facilitar a vida da concorrência. Mas posso garantir que vamos ter um crescimento agressivo no Brasil nos próximos cinco anos. Faremos investimentos pesados no País. Seria bom dobrar de tamanho, mas vamos rever essa intenção ano a ano.
A agitação do mercado de fusões e aquisições fez surgir especulações sobre a saída de um dos fundos de investimento da sociedade. O senhor já foi sondado por algum de seus sócios?
Não houve sondagem por parte dos investidores nesse sentido. Mas, eventualmente, todos eles querem sair. Eu não. Mas não há pressa. Há um projeto de se fazer um IPO (abertura de capital na Bolsa) e aí eles sairiam, provavelmente até parcialmente. Isso estava previsto no momento em que eles entraram no negócio. Mas, agora, não há estudos ou qualquer conversa nesse sentido. Essa possibilidade faz parte do jogo.
Qual o projeto mais imediato que o senhor tem para a rede de lojas em 2010?
Por enquanto, o principal objetivo é investir mais no Brasil do que nas outras regiões. Vamos investir bem mais do que nos outros anos porque estamos apostando no Brasil. A política econômica vai bem, o País abrigará a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. O Brasil tem cada vez mais um papel relevante no cenário global e nas Américas. Isso é bom para os negócios.
Quais são os planos para a lojas “McDonald’s verde” na América Latina?
Temos planos de expandir as “lojas verdes”. Temos uma no Brasil, em Bertioga, no litoral paulista, que acaba de completar um ano; uma outra na Costa Rica; e vamos abrir agora em janeiro uma outra em Buenos Aires. A intenção é crescer com elas da seguinte forma: tudo o que aprendemos nas lojas verdes, em termos de economia e vantagens para o meio ambiente, vamos implantando nas outras lojas da rede. Mesmo com custo cerca de 40% maior que o das lojas convencionais, as verdes nos levam a observar tecnologias que, depois são aplicadas nas outras e acabam resultando em redução de gastos com água e energia, por exemplo. Essas são condições que favorecem a rentabilidade do negócio.