O governo estuda um modelo alternativo para tornar viável a construção do trem de alta velocidade (TAV) ligando o Rio de Janeiro a São Paulo e Campinas. A obra, avaliada em R$ 36,4 bilhões, terá financiamento do Tesouro Nacional, em operação compartilhada com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Por causa das incertezas quanto à demanda de passageiros, que ditará o fluxo da receita, o banco deverá incluir, também pela primeira vez, cláusula especial de refinanciamento da dívida. As condições do empréstimo serão divulgadas em paralelo à versão definitiva do edital de licitação, ainda em análise pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
O atraso no processo praticamente eliminou as chances de a obra ser concluída a tempo da Copa do Mundo de 2014. As expectativas agora se voltam à Olimpíada de 2016, que será sediada no Rio. O projeto do trem-bala é uma das obras de maior vulto do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Há dois meses, o governo divulgou que pretende liberar o preço na classe executiva, como forma de atrair interessados no projeto. Investidores coreanos, chineses, japoneses e espanhóis têm feito um périplo no BNDES, em busca de informações sobre o projeto. Também negociam com fundos de pensão a formação de eventuais consórcios. Mas a participação de investidores nacionais na licitação ainda é uma incógnita.
Os técnicos do BNDES estudam financiamentos diferenciados tomando como base a atuação do Banco Europeu de Investimentos, na época da construção do Eurotúnel, sob o Canal da Mancha, e experiências também do Japão, onde houve grande mobilidade populacional, seguindo o trajeto da linha férrea.