O primeiro veículo do Brasil movido a hidrogênio, com 100% de tecnologia nacional, foi lançado hoje (26) no Rio de Janeiro. O ônibus é igual aos convencionais, mas não causa danos ao meio ambiente.
O veículo foi desenvolvido pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O ônibus tem três fontes de eletricidade – bateria carregada a rede elétrica, pilha a combustível alimentada com hidrogênio e pela regeneração da energia cinética produzida a bordo (acelerar). “No veículo, o hidrogênio se transforma em energia elétrica armazenada em ultracapacitores”, explicou o coordenador do projeto, Paulo Emilio Valadão Miranda.
Em uma época em que há uma grande preocupação com o aquecimento global, a nova tecnologia traz benefícios ao meio ambiente. “Substituir os veículos convencionais por um que emite vapor da água, traz um beneficio muito grande para o meio ambiente”, afirmou Miranda. Além da contribuição ambiental, ele aponta outras vantagens. “O veículo é silencioso, o que aumenta o conforto de moradores das imediações de vias congestionadas.”
O preço do ônibus a hidrogênio é cinco vezes maior que o dos movidos a diesel. “Toda tecnologia nova é mais cara. Se a tecnologia nova é produzida em uma única unidade é mais cara ainda, mas a tendência é que com a produção em maior escala é que isso desapareça. Além disso, existem vantagens operacionais além da ambiental. O ônibus tem um gasto menor de manutenção e, por causa do arranjo tecnológico, tem um consumo menor de combustível. Ao longo dos anos ele se torna mais vantajoso que os veículos convencionais”, disse Miranda.
O ônibus foi projetado para uso urbano e tem autonomia para rodar até 300 quilômetros. O veículo começará a circular em julho na Cidade Universitária, no Fundão, e no segundo semestre de 2010 fará uma linha regular pela zona sul da cidade. “A empresa que fará esse circuito é a Viação Real. Durante um ano iremos acompanhar e avaliar todos os benefícios dessa nova tecnologia”, disse o diretor de Mobilidade Urbana da Federação das Empresas de Transporte do Rio de Janeiro (Fetranspor), Artur Cezar Soares.
O veículo movido a hidrogênio também poderá ser uma das opções de transporte sustentável para o Rio de Janeiro na Copa do Mundo de 2014 e nas Olimpíadas em 2016. “O nosso compromisso com o Comitê Olímpico Internacional inclui responsabilidade ambiental e desenvolvimento sustentável também ligado ao transporte. O acordo é que uma porcentagem elevada de toda a frota que transporte as delegações, os atletas e o público em geral fosse com biodiesel. Mas o Rio poderá apresentar muito mais do que está acordado, com esse ônibus a hidrogênio”, disse a secretária do Ambiente do Rio, Marilene Ramos.
O projeto contou com o financiamento da Petrobrás e da Finep. Agora a Coppe negocia investimentos com a Fetranspor, prefeitura do Rio e governo estadual para criação de pequenas frotas.