O setor público consolidado brasileiro registrou superávit primário de 19,789 bilhões de reais em abril, maior resultado mensal em dois anos, beneficiado por um forte aumento das receitas.
O resultado, divulgado pelo Banco Central nesta quinta-feira, superou as expectativas do mercado e também ficou acima da apropriação de juros no mês. Com isso, o país teve superávit nominal de 5,304 bilhões de reais –melhor saldo para abril em três anos.
“Destaca-se, no mês, o desempenho observado na arrecadação de tributos federais, que apresentou crescimento (nominal) de 22,9 por cento, comparativamente a abril de 2009”, afirmou o BC em nota.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, também reforçou o papel do crescimento da arrecadação, em meio ao aquecimento da atividade, e ressaltou que, em anos eleitorais, “é normal que você tenha aumento de dispêndios em todas as esferas”.
Ao comentar os dados fiscais do governo central na quarta-feira, o secretário do Tesouro, Arno Augustin, afirmou que abril já havia marcado uma nova fase de esforço contracionista por parte do governo.
No acumulado em 12 meses, o resultado primário foi equivalente a 2,17 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), ainda abaixo da meta fixada para o ano, de 3,3 por cento do PIB. Mas Altamir Lopes afirmou que a tendência é de aumento gradual desse resultado até o final do ano.
Em abril de 2009, o resultado primário havia sido superavitário em 11,950 bilhões de reais.
O mercado projetava para abril deste ano superávit de 15,5 bilhões de reais, segundo a mediana de 13 respostas de analistas à Reuters que variaram de 8,9 bilhões a 18,6 bilhões de reais.
DÍVIDA CAI
Com o resultado primário expressivo, a dívida líquida caiu 0,2 ponto em abril, a 42,2 por cento do PIB. Para maio, o BC prevê redução de mais 1 ponto, para 41,2 por cento do PIB.
Lopes afirmou que a queda do endividamento tem sido limitada, em parte, por uma aceleração da inflação, uma vez que cerca de 30 por cento da dívida mobiliária do governo é atrelada a índices de preços.
Os juros apropriados pelo governo em abril foram os mais elevados para o mês desde 2008, de 14,485 bilhões de reais, a despeito da queda da Selic verificada no período.
No mês passado, o governo central teve superávit primário de 16,528 bilhões de reais, enquanto Estados e municípios registraram saldo positivo de 3,611 bilhões de reais e as estatais, déficit de 350 milhões de reais.