A preocupação com medidas adicionais do governo no câmbio manteve o dólar estável a R$ 1,71 nesta terça-feira, impedindo que a moeda seguisse o viés dos mercados globais e caísse.
Em Londres, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, manteve em aberto a possibilidade de mais impostos para tentar frear a valorização do real, além da política de compra de dólares já adotada pelo governo.
“O dólar não rompeu (R$ 1,7) porque o BC disse, e pelo jeito confirmou, que ia comprar todo o fluxo da (oferta de ações) da Petrobras”, disse Carlos Allievi Jr., gestor da Infinity Asset. “E pelo discurso do Meirelles hoje, pode vir mais IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).”
O governo adotou no ano passado a cobrança de IOF sobre entrada de dólares para investimentos em ações e renda fixa. Há duas semanas, porém, uma fonte do governo afirmou à Reuters que uma medida adicional no IOF seria um “último recurso”.
O cenário foi outro no exterior. O euro, por exemplo, subia 1,1% às 16h40, nos maiores níveis em cinco meses. Ante uma cesta com as principais moedas, o dólar caía 0,62%, no menor patamar desde fevereiro.
A razão para a queda global do dólar era a expectativa cada vez maior de que o Federal Reserve anuncie medidas de estímulo à economia norte-americana na reunião do início de novembro. A queda da confiança do consumidor dos Estados Unidos ao menor nível desde fevereiro reforçou a tese nesta terça-feira.
A manutenção do viés de baixa do dólar coloca pressão adicional sobre o governo. Nesta terça, o BC realizou dois leilões de compra de dólares, após ter feito apenas uma operação do tipo na segunda-feira.
Para Octavio de Barros, diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, as autoridades precisam intervir de forma menos previsível. “Existe hoje um excesso de previsibilidade com o real”, afirmou.
Segundo ele, quanto mais estável o mercado de câmbio, melhores as condições para o “carry trade” e outras operações de arbitragem, que lucram com o juro alto do Brasil e reforçam a tendência de queda do dólar.