O crescimento nas áreas de petróleo e etanol do Brasil faz parte da estratégia de negócios da Shell para os próximos anos. A empresa anunciou nesta terça-feira ,15, um plano global de investimentos de US$ 100 bilhões até 2014. Apesar de não divulgar os aportes a serem realizados em cada país, o presidente da empresa, Peter Voser, disse que está “entusiasmado” com os projetos no Brasil.
Maior operadora estrangeira atualmente no País, a Shell descobriu petróleo na região do pré-sal no ano passado e agora está realizando nova perfuração na área. Conforme Voser, é algo menor do que Tupi, na linha de “centenas de milhões de barris, e não de bilhões de barris”.
A companhia mostra interesse em comprar novas áreas. “Estamos esperando pelas próximas rodadas para que possamos participar”, disse hoje, em entrevista à mídia estrangeira, em Londres. “Certamente vamos olhar para isso.”
A estratégia para o setor de etanol vem com a joint venture fechada com a Cosan, batizada de Raízen. Segundo Voser, o objetivo é desenvolver o biocombustível para o mercado interno e também para a exportação.
O principal mercado alvo é a Europa, mas a intenção também é vender o etanol brasileiro para os Estados Unidos, tarefa considerada mais difícil pelas barreiras impostas pelo país. “Estamos tentando convencer os Estados Unidos a reduzirem a tarifa de importação.”
Globalmente, a Shell manterá investimentos no etanol de cana-de-açúcar e nos biocombustíveis de segunda geração. A empresa decidiu descartar a produção com base no óleo de palma, “por questões ambientais”.
Petróleo entre US$ 80 e US$ 90 seria bom para a economia
O presidente da Shell, Peter Voser, acredita que o preço do petróleo entre US$ 80,00 e US$ 90,00 o barril “seria bom” para a economia global. “Essa é a faixa desejada pela Opep e acho que eles estão bem equipados para conduzirem a cotação para essa linha”, afirmou.
O petróleo WTI chegou na casa dos US$ 105,00 recentemente, em razão da violência no mundo árabe. A redução da produção na Líbia trouxe a possibilidade de um choque de oferta.
Voser avalia que a Opep tem capacidade suficiente para compensar o fornecimento da Líbia e de outros países menores da região. Ele avalia que, no momento, a maior preocupação do setor está na outra ponta, com a possibilidade de desaceleração da demanda provocada pelo terremoto no Japão.
Depois da alta recente, o petróleo reagiu em forte queda aos desdobramentos da tragédia ocorrida na sexta-feira. “Teremos mais volatilidade nos preços do petróleo”, avalia.
Ele lembra que, no passado, o mercado físico respondia por 75% do volume do setor, enquanto os contratos financeiros se restringiam a 25%. “Hoje, é o contrário.”
O executivo avalia que é difícil calcular o peso da especulação nos preços, mas estima que a cotação atual embute um prêmio de risco de cerca de US$ 20,00.
Apesar de reconhecer o peso dos investidores e os efeitos da especulação sobre o mercado de petróleo, Voser disse que é contra a proposta do presidente da França, Nicolas Sarkozy, de aumentar a regulação das commodities para impedir oscilações bruscas de preços.
Segundo ele, hoje a Shell oferece produtos para proteger seus clientes que não conseguem bancar com a volatilidade no setor de energia, como contratos de swaps. “Se a regulação apertar muito, podemos decidir não oferecer mais e isso vai gerar problemas para os governos”, ameaçou.