Levantamento realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) por meio do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) mostrou que a alta nos preços dos combustíveis se intensificou nos postos da capital paulista na segunda metade do mês de março. De acordo com o instituto, o valor médio do etanol subiu 8,58% na terceira quadrissemana do mês ante avanço de 6,70% observado na segunda quadrissemana do mês. A gasolina, por sua vez, aumentou 0,95% contra variação positiva anterior de 0,58%.
Segundo a Fipe, os movimentos de preço do etanol e da gasolina estão entre os principais fatores para a alta do grupo Transportes, cuja variação positiva foi de 0,94% (ante 1,07% da segunda quadrissemana) e respondeu por 0,15 ponto porcentual (41,02%) de toda a taxa de inflação da terceira quadrissemana. No período, o IPC registrou alta de 0,37% na capital paulista ante 0,36% da segunda quadrissemana. “O grupo Transportes é o que está mais pressionando a inflação”, disse hoje, em entrevista à imprensa, o coordenador do IPC, Antonio Evaldo Comune.
Ele lembrou que, além do etanol e da gasolina, o aumento na tarifa do metrô em São Paulo e resíduos da alta na passagem de ônibus anunciada ainda em janeiro estão trazendo impacto para o IPC. De acordo com a Fipe, o item metrô subiu 6,13% na terceira quadrissemana de março contra avanço de 8,49% da segunda quadrissemana. O item ônibus, por sua vez, apresentou alta de 0,31% ante variação positiva de 0,42%.
Para Comune, enquanto os impactos de metrô e do ônibus tendem a diminuir a cada pesquisa da Fipe, o etanol dependerá ainda dos fatores sazonais. Ele lembrou que o produto derivado da cana-de-açúcar ainda sofre efeito da entressafra. Quanto à gasolina, afirmou que, além de absorver parte deste mesmo efeito que atinge o etanol, também pode sofrer algum impacto das altas recentes do barril do petróleo no mercado internacional.
Pressão do aluguel
O valor médio do aluguel na cidade de São Paulo liderou o ranking das maiores pressões de alta para a composição do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fipe na terceira quadrissemana de março. De acordo com o instituto, o aluguel apresentou elevação média de 0,52% no período. O avanço foi superior ao de 0,48% observado na segunda quadrissemana do mês e respondeu sozinho por 0,05 ponto porcentual da taxa de inflação de 0,37% registrada pelo IPC na terceira leitura de março.
De acordo com o coordenador do IPC, a alta nos valores dos alugueis é um fenômeno que já ocorre desde a constatação de forte aquecimento da economia brasileira durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo Comune, este aquecimento é repassado ao mercado de imóveis e acaba atingindo também os preços dos aluguéis. “Outro efeito para o aluguel vem do repasse do IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) na renovação dos contratos”, destacou, lembrando que os reajustes nos contratos ainda estão sendo amparados pela forte alta acumulada em 12 meses do indicador da FGV. Em 2010, o IGP-M acumulou elevação de 11,32%.