O ex-diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca Lawrence Summers disse hoje (25) que o Brasil está bem preparado contra a crise mundial. Summers, que já foi membro das equipes do governo de Bill Clinton e Barack Obama, elogiou o progresso da economia brasileira nos últimos 12 anos, o que, para ele, reduz os possíveis impactos do cenário internacional adverso sobre o país.
“Os fundamentos econômicos brasileiros aparentam estar menos suscetíveis às turbulências internacionais”, disse Summers, em entrevista coletiva concedida após a cerimônia de abertura do 6º Encontro Nacional da Indústria (Enai), promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em São Paulo.
O economista norte-americano fez a palestra principal da abertura do evento. Ele analisou da situação da economia global e destacou a importância do Brasil nesse cenário. Segundo Summers, o país se tornou um agente mais relevante para economia do mundo nos últimos anos. Ele disse também que essa relevância tende a crescer ainda mais devido ao papel de grande explorador de recursos naturais que o Brasil país vem assumindo.
Summers disse que as descobertas brasileiras de grandes campos de petróleo, por exemplo, são uma oportunidade para o país se firmar no mercado global. Ressaltou, contudo, que a transformação desses recursos em crescimento vai depender da demanda global por petróleo e outros produtos, e isso tudo dependerá dos rumos da economia mundial.
“Apesar de estar mais bem preparado, o Brasil também é dependente da economia global”, dstacou o economista. “Os sérios problemas que ocorrerem na economia também devem afetar o país.”
Sobre a crise mundial, Summers pediu mais investimentos governamentais dos Estados Unidos e da Europa. Para ele, esses investimentos podem aumentar a demanda de consumo nesses países, gerar mais empregos e colaborar para a retomada da confiança dos empresários.
Mesmo no caso da Europa, que apresenta problemas relacionados às dívidas de governos, Summers insistiu que o investimento público não deve ser reduzido. Segundo ele, um corte nos gastos poderia desacelerar ainda mais o crescimento na região. “Minha preocupação é que as medidas fiscais freiem a economia e agravem os problemas.”
Summers ainda disse que espera que a reunião de hoje de líderes da União Europeia (UE), em Bruxelas, na Bélgica, sirva para eles encontrarem uma “solução para a crise melhor do que a já apresentada”. Para o economista, se isso não acontecer, as consequências podem ser ainda piores para o mundo e o Brasil.