O fraco desempenho da atividade industrial nas principais áreas produtoras do país na passagem de agosto para setembro reflete a conjuntura desfavorável no mercado internacional somada aos efeitos das medidas de restrição ao crédito tomadas pelo governo para conter a inflação no país. A avaliação é do economista da coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Fernando Abritta.
De acordo com dados divulgados hoje (8) pelo instituto, em setembro as indústrias de sete dos 14 locais pesquisados apresentaram redução na produção em relação ao mês anterior.
“Houve recuo em importantes áreas industriais, como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná. Isso é um reflexo da conjuntura econômica internacional, que prejudica setores que dependem de exportação; e também de medidas do governo como o aumento da taxa de juros, que acaba prejudicando a indústria. Embora a taxa Selic tenha recuado nas últimas duas reuniões do Copom [Comitê de Política Monetária do Banco Central], esse efeito só será captado nos próximos meses”, afirmou.
Abritta lembrou que na média nacional, a indústria teve queda de 2% entre os dois meses, impactada fortemente pelo setor de veículos automotores (-6,4%) em função de férias coletivas e excesso de estoques nas montadoras.
O economista destacou que em São Paulo, que é o maior parque industrial do país, a queda de 4,2% representa o pior resultado desde abril, quando o recuo na produção foi 4,3%.
Já o Paraná registrou a redução mais intensa entre os 14 locais pesquisados, de 13,5% em setembro na comparação com agosto. Fernando Abritta ressaltou, no entanto, que o resultado deve ser relativizado porque veio após um crescimento acumulado de 20,4% nos últimos quatro meses até agosto.
“Pode ter havido um ajuste já que houve um forte crescimento nos últimos meses”, avaliou.