Mais de 70% das propriedades rurais brasileiras são de famílias das classes D e E. Apesar disso, esses estabelecimentos representam apenas 32,9% da área ocupada e 7,6% do Valor Bruto da Produção (VBP). Já as classes A e B, que têm 5,8% dos imóveis rurais, detêm 38,5% da área e 78,8% do VBP.

Os números, baseados em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), fazem parte de um estudo feito pela Fundação Getulio Vargas (FGV) sobre a distribuição da renda no campo, encomendado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e apresentado hoje (23) no seminário em comemoração aos 60 anos da entidade.

De acordo com dados divulgados pelo presidente do Centro de Estudos Agrícolas da FGV, professor Mauro Lopes, a classe C, considerada a classe média do campo, tem apenas 15,4% das propriedades rurais, 13,6% de participação no VBP e 18,1% da área. Segundo Lopes, um dos principais fatores que definem a diferença entre as classes no campo, e inclusive a sobrevivência do setor, é o uso de tecnologia na produção, já que ela é a responsável pela passagem de uma classe para outra.

O estudo mostra que as classes D e E dependem fortemente de outras fontes de renda para se manter no campo. Enquanto as classes A e B têm 94% de suas receitas líquidas geradas por suas atividades agropecuárias, na classe C esse número cai para 73% e, nas classes mais baixas, para apenas 30%. Nas classes D e E, 52% da renda provêm de aposentadorias e programas governamentais.

A pesquisa, que mostra também a quantidade de recursos investidos por cada classe em insumos, mão de obra e as fontes de financiamento, deve servir para a elaboração de proposta da CNA de uma nova política agrícola para o país, que o governo já vem discutindo há algumas safras.