Quem tem ações de bancos que são liquidados pelo Banco Central tendem a ser os últimos a receber o dinheiro investido. Em alguns casos, correm o risco até de não receber nada de volta, diz o presidente da Comissão de Direito Bancário do IASP (Instituto dos Advogados de São Paulo), Bruno Balduccini.
Nesta sexta-feira (14), o Banco Central anunciou a liquidação dos bancos Cruzeiro do Sul (CZRS4) e Prosper. A BM&F Bovespa informou que as negociações com as ações do Cruzeiro do Sul estão suspensas, depois de acumularem valorização 55,6% em três dias.
O advogado Bruno Balduccini explica que, em casos de liquidação, os primeiros clientes a receber o dinheiro de volta são aqueles que têm papéis garantidos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC).
O FGC garante até R$ 70 mil por cliente (CPF ou CNPJ). Entre os investimentos que são cobertos pelo fundo estão as aplicações em conta poupança e nas LCI (Letras de Crédito Imobiliário), além das letras hipotecárias e as letras de câmbio.
Esses clientes vão receber notificações do fundo. O recebimento do dinheiro, nesses casos, demora cerca de dois meses em média, segundo Balduccini.
Os clientes que não contarem com a garantia do FGC terão de entrar numa espécie de “fila de espera” e serão pagos apenas depois que houver uma divisão dos ativos que sobraram do banco liquidado. É o caso dos credores estrangeiros, por exemplo. Balduccini diz que a espera pode demorar anos.
Os acionistas do banco, por sua vez, serão os últimos a receber. “Como a negociação das ações está suspensa, não há mais como comprar ou vender. Os acionsitas são os que vão receber o dinheiro por último, e às vezes poderão nem ter nada a receber”, explica