Trabalhar cerca de um mês para comprar um tablet ou para fazer um cruzeiro de três dias. Ou aproximadamente 20 anos de suor dedicados à aquisição de um imóvel.
Esses são alguns resultados obtidos a partir de uma calculadora interativa desenvolvida pelo professor da FGV Samy Dana a pedido da Folha, tomando como base o salário médio do brasileiro estimado pelo IBGE após desconto do INSS, de R$ 1.224.
Mais do que o preço de um bem, saber quanto tempo de trabalho ele custa ajuda o consumidor a decidir se aquele desejo realmente vale a pena e que planejamento ele terá de fazer para realizá-lo.
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Afinal, há gastos fixos e imprescindíveis, como alimentação, educação, saúde e tributos, que já comprometem boa parte do salário e que não entraram na conta.
“É o que a gente chama de custo de oportunidade”, afirma o educador financeiro Mauro Calil, para quem, dependendo do salário, um almoço de R$ 30 pode custar ao consumidor metade de um dia de trabalho. “Significa que você ganha pouco ou que o almoço está caro?”
E, se o consumidor estiver prestes a fazer uma compra por impulso, saber quantos dias de trabalho dedicados exclusivamente a ela serão necessários pode levar o indivíduo a pensar duas vezes antes de gastar.
Dana, da FGV, diz que é importante ter em mente a ideia de renúncia ligada ao desejo do gasto. “As pessoas dão pesos diferentes às coisas. Posso ter prazer em ir a um restaurante. Depende do quanto eu gosto de restaurantes.”
“Vale a pena pensar que tudo é uma renúncia. Quando você está comprando um iPad, está renunciando à compra de outro produto.”
Para ele, é importante escolher e gastar naquilo que maximiza a felicidade.
Uma prática que pode elevar o número de dias trabalhados para a aquisição de um bem é fazer financiamentos -afinal, os juros aumentam o preço do produto.
POUPE PRIMEIRO
Se, mesmo depois de saber quantos dias de trabalho o sonho custará, o consumidor quiser realizá-lo, é preciso lembrar de poupar primeiro.
Para isso, o ideal é fazer um orçamento, colocando na ponta do lápis as receitas e os gastos e verificando onde é possível cortar despesas.
O educador financeiro Reinaldo Domingos afirma que não se deve contar apenas uma possível sobra do orçamento para planejar a realização dos sonhos, pois é comum que, sem esforço, não sobre nada no fim do mês.
Por isso, a família deve se reunir e traçar seus objetivos de curto prazo (um ano), médio prazo (até dez anos) e longo prazo (mais de dez anos).
O especialista afirma que, para quem está endividado, quitar os débitos deve fazer parte da lista de sonhos.
É importante também retirar o dinheiro para o sonho assim que o salário chegar.