O aluguel residencial contribuiu para impulsionar a inflação em junho, compensando a queda ocorrida em diversos alimentos e gerando um aumento do índice acumulado em 12 meses, para 6,7%, conforme indicam dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O aluguel residencial aumentou 1,04% em junho e acumula uma alta de 6,95% no ano, superando, portanto, a inflação dos alimentos, que foi de 6,02% no primeiro semestre, de acordo com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) o indicador oficial de inflação, calculado pelo IBGE.
Com isso, os preços relacionados à habitação subiram 0,57% no mês, enquanto os de alimentos e bebidas aumentaram somente 0,04%. No mesmo mês do ano passado, a situação era inversa: o primeiro grupo havia subido fortemente (0,68%), enquanto o segundo avançou menos (0,28%).
O grupo de custos classificados como habitação só não acumula uma alta no ano (está em queda de 0,18%) por causa da redução da energia elétrica residencial, item que ficou 18,03% mais barato no início de 2013.
Vale lembrar, ainda, que a comida tem um peso maior no índice geral de inflação. Ou seja, mesmo subindo menos, os alimentos influenciam mais a alta do IPCA. O indicador só avançou no acumulado dos 12 meses porque outros itens, além do aluguel, também subiram mais neste ano do que em 2012.
É o caso, por exemplo, dos artigos de residência, que acumulam alta de 3,04% neste ano, sendo que no primeiro semestre do ano passado haviam caído 0,84%. O mesmo se passou com itens de cama, mesa e banho, que subiram 2,6% na primeira metade de 2013, após terem descido 1,56% em igual intervalo do ano passado. Ainda, aparelhos eletrônicos tiveram alta de 1,66% e queda de 3,65% nos dois períodos, respectivamente.
Altas e baixas
O tomate, que havia se tornado símbolo da inflação no início do ano, caiu 7,21% em junho, depois de já ter descido 10,31% em maio. O preço de outros alimentos também parou de subir ou mesmo recuou, como aponta o primeiro gráfico. Na outra ponta, dos produtos que subiram, destacaram-se o aluguel, como já foi dito acima, e o transporte.
O segundo gráfico, no entanto, deve ser observado com cautela. Apesar de ter saltado 6,71% em junho, a passagem aérea não pode ser considerada um novo vilão da inflação, pois está saindo de um período de forte queda. No acumulado do ano, caiu 25,9%.
Ainda, os dados sobre as tarifas de ônibus, metrô e trem se referem ao aumento ocorrido em junho. As elevações, no entanto, foram revogadas, e isso só aparecerá na próxima pesquisa, a ser divulgada em agosto.
Os móveis e as roupas, vale notar, são itens comprados muitas vezes a prazo. A procura por esses produtos tende a cair quando o crédito fica mais caro, o que deve ocorrer neste ano, após o recente aumento na taxa básica de juros.
Em relação aos aluguéis, não há garantia de que a alta vista no primeiro semestre se repita.
Com esses movimentos, a inflação, que acumulou alta de 6,7% nos últimos 12 meses, deve começar a desacelerar. Analistas consultados pelo Banco Central estimam que ela feche o ano aos 5,87%.