O custo da cesta básica subiu acima de 10% em nove capitais brasileiras em 2013. A campeã dos aumentos foi Salvador, com 16,74%. Depois vieram Natal (14,07%) e Campo Grande (12,38%). As menores oscilações ocorreram em Goiânia (4,37%) e Brasília (4,99%). Esse ranking considera só as 18 capitais onde a pesquisa foi feita.

Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (9) pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

Em todas as 18 capitais onde a pesquisa é realizada mensalmente, houve aumento do preço da cesta básica.

Entre os produtos que mais subiram, está a farinha de mandioca, que disparou 115,58% em Salvador. A banana teve alta no ano de até  73,89% em Natal.

A carne bovina, produto com grande peso na composição da cesta básica, teve aumento em quase todas as cidades pesquisadas em 2013, exceto Brasília (-0,49%). As maiores altas foram registradas em Salvador (14,71%), Curitiba (12,55%), Campo Grande (11,11%) e Rio de Janeiro (10,37%). A menor variação positiva aconteceu em Belém (2,44%).

O pão francês subiu 24,17% em Campo Grande. Óleo de soja foi o único alimento que teve o preço reduzido no país todo, em 2013.

ALTA DE PREÇOS EM 2013

PRODUTOMAIOR VARIAÇÃO NO ANOCIDADE
Farinha de mandioca115,58%Salvador (BA)
Banana73,89%Natal (RN)
Farinha de trigo67,06%Florianópolis (SC)
Leite28,24%Belém (PA)
Pão francês24,17%Campo Grande (MS)
Carne bovina14,71%Salvador (BA)

Dezembro registrou aumentos em 15 das 18 cidades

Em dezembro, houve aumento da cesta em quinze cidades, estabilidade em Vitória e diminuição em duas: Aracaju (-0,88%) e Rio de Janeiro (-0,43%). As maiores elevações foram registradas em Goiânia (7,95%) e Florianópolis (7,86%).

Apesar de apresentar a terceira menor variação positiva, 0,14%, Porto Alegre foi a capital onde se apurou, em dezembro, o maior valor para a cesta básica (R$ 329,18), seguido por São Paulo (R$ 327,24) e Vitória (R$ 321,39).

Os menores valores médios foram observados em Aracaju (R$ 216,78), João Pessoa (R$ 258,81) e Salvador (R$ 265,13).

Para Dieese, salário mínimo deveria ser de R$ 2.765

Com base nos custos da cesta, o Dieese estima que o salário mínimo brasileiro deveria ser de R$ 2.765,44 (atualmente é de R$ 724). O custo proposto pelo Dieese inclui o que a Constituição determina que deveria ser possível fazer com o mínimo: suprir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o Dieese estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário.

Em dezembro de 2013, a jornada de trabalho necessária para a compra dos alimentos essenciais por um trabalhador remunerado pelo salário mínimo, na média das capitais pesquisadas, foi de 94 horas e 47 minutos, maior do que o tempo exigido em novembro (93 horas e 25 minutos).

Em dezembro de 2012, a jornada exigida foi menor, já que naquele mês eram necessárias 94 horas e 23 minutos.

Veja os aumentos nos principais produtos

Em 2013, leite, farinha de trigo, banana, pão francês e batata tiveram aumento em todas as regiões em que são pesquisados. Já o óleo de soja foi o único produto da cesta que teve seus preços reduzidos em todas as cidades.

O preço do leite in natura aumentou em todas as localidades em 2013, com variações acumuladas entre 6,18% (Manaus) e 28,24% (Belém). Com exceção da capital do Amazonas, em todas as localidades as taxas foram superiores a 13%. Ao longo do ano, a elevação de preços no varejo foi influenciada pela queda de oferta de leite e maior demanda das empresas de laticínios.

O preço da farinha de trigo, pesquisada nas regiões Centro-Sul, aumentou em 2013, com variações que chegaram a 67,06% em Florianópolis, 55,56% em Campo Grande, 46,24% em Goiânia, 37,96% em Porto Alegre, 33,47% em Curitiba, 31,25% em Brasília e 30,72% em São Paulo.

A dificuldade de importação do trigo da Argentina e a perda de parte da produção no Rio Grande do Sul devido às chuvas elevaram o preço do bem. Em dezembro, Florianópolis (20,68%), Campo Grande (6,87%), Goiânia (3,03%) e Belo Horizonte (1,66%) ainda tiveram alta de preço. Nas demais cidades o valor diminuiu, com destaque para Brasília (-5,57%).

O preço do pão francês subiu, em 2013, em todas as regiões pesquisadas, o que é explicado pela alta do seu principal insumo, a farinha de trigo. As variações oscilaram entre 2,13% em Aracaju e 24,17% em Campo Grande.

Em 2013, o preço da batata subiu nas dez localidades do Centro-Sul onde é pesquisada. As taxas variaram entre 4,41% no Rio de Janeiro e 45,60% em Porto Alegre.

A banana apresentou altas acumuladas em todas as cidades em 2013, com taxas que variaram de 73,89% em Natal a 4,46% em Brasília. Fatores climáticos afetaram a produção da fruta e determinaram a alta no preço. Em dezembro de 2013, registrou-se elevação do preço do bem em 10 cidades em comparação com o mês anterior, com destaque para a taxa de Goiânia (11,16%). Houve estabilidade em João Pessoa e diminuição em sete localidades. Em Aracaju a redução foi de 17,44%.

A farinha de mandioca pesquisada no Norte e Nordeste também acumulou aumentos expressivos. Em Salvador, a variação registrada foi de 115,58%, em Manaus de 57,41%, e em Recife de 47%.

O preço da farinha está alto devido à seca prolongada no Nordeste, que vem causando restrição da oferta do insumo básico da farinha.

O preço do feijão apresentou comportamento diferenciado entre as cidades pesquisadas. Oito capitais tiveram altas que variaram entre 3,85% (Manaus) e 38,80% (Florianópolis) e as outras dez cidades tiveram diminuição entre -20,10% (São Paulo) e -1,46% (Campo Grande).

No início do ano, houve elevação do preço do feijão devido à redução da área plantada e aos baixos estoques. O governo passou a importar feijão, que junto com a terceira safra, também conhecida como feijão irrigado ou safra de inverno, no final do ano, trouxe diminuição dos preços. As perspectivas são de redução da área plantada, o que deve pressionar o preço do grão para cima.

O tomate, apontado como grande vilão da inflação em alguns meses de 2013, acumulou altas de até 34,43% em Natal, 33,61% em Vitória, 28,87% em Aracaju, 21,09% em Porto Alegre e 20,57% no Rio de Janeiro. O preço do bem não variou em Brasília e diminuiu em Salvador
(-6,91%), Campo Grande (-4,01%), Manaus (-3,61%) e Goiânia (-2,46%).

O produto apresentou grande variação de preços ao longo do ano. A entressafra de verão nos primeiros meses de 2013 fez com que o preço subisse e a oferta só foi normalizada no meio do ano, voltando a subir nos meses finais, devidos às condições climáticas no momento da colheita.

O óleo de soja apresentou diminuição em todas as cidades em 2013, com taxas que variaram entre -27,10% em Curitiba e -13,66% em Natal. O preço da soja sofreu sucessivas desvalorizações no mercado internacional e nacional, o que explica a redução do valor.