O faturamento das micro e pequenas empresas (MPEs) do estado de São Paulo caiu 5,7% (já descontada a inflação) em novembro de 2014 na comparação com o mesmo mês de 2013. Foi o primeiro recuo de receita, considerando apenas os meses de novembro contra novembro, desde 2008, quando ocorreu a crise financeira mundial. Foi também a sétima queda no faturamento real em 2014, no confronto com igual mês do ano anterior.
Todos os setores apresentaram retração em novembro em relação a um ano antes: o faturamento da indústria ficou 4,2% menor, o do comércio encolheu 9,3% e o dos serviços diminuiu 2%. Os dados são da pesquisa mensal Indicadores Sebrae-SP.
Segundo o levantamento, a receita total do universo das MPEs do Estado foi de R$ 48,5 bilhões, R$ 2,9 bilhões a menos do que em novembro de 2013 e R$ 5,1 bilhões abaixo do registrado em outubro de 2014.
No acumulado do ano – de janeiro a novembro – o faturamento real das MPEs paulistas apresentou redução de 0,7%. “Esse índice é o pior no acumulado do ano, desde 2009, e está diretamente relacionado ao mau momento da nossa economia”, afirma o diretor-superintendente do Sebrae-SP, Bruno Caetano.
O ritmo mais fraco da atividade econômica brasileira no ano passado prejudicou as MPEs, muito dependentes do mercado interno, já que houve redução do consumo das famílias, em decorrência da piora nas condições de crédito e na confiança, além de inflação relativamente elevada.
Por regiões, o interior do Estado de São Paulo teve queda no faturamento em novembro de 2014 ante novembro de 2013 (-10,5%). O município de São Paulo também registrou recuo significativo, de 6,8%. A Região Metropolitana de São Paulo teve baixa no faturamento de 1%, no mesmo período. O Grande ABC obteve resultado positivo na comparação de novembro de 2014 com igual mês de 2013, com aumento de 3% no faturamento. “É preciso, no entanto, relativizar esse bom desempenho, pois em novembro de 2013 o resultado havia sido muito fraco”, afirma Caetano.
PESSOAL OCUPADO E RENDIMENTO – No acumulado de janeiro a novembro do ano passado, houve aumento de 0,7% no total de pessoal ocupado (sócios-proprietários, familiares, empregados e terceirizados) nas MPEs do Estado. Em igual período, o rendimento real dos empregados teve ligeiro crescimento, de 0,9%, já descontada a inflação, e a folha de salários paga pelas MPEs paulistas se elevaram em 2,9%.
EXPECTATIVAS – A pesquisa do Sebrae-SP também mostra que, em dezembro de 2014, 57% dos donos de MPEs paulistas disseram esperar estabilidade no faturamento nos próximos seis meses. Em dezembro de 2013, essa era a opinião de 54% dos entrevistados. Os que esperam melhora eram 30% e agora são 25%. A parcela dos que têm expectativa de piora passou de 7% para 10% de um ano para outro.
No que diz respeito à economia brasileira, houve recorde de pessimismo: 29% afirmaram acreditar em piora na situação nos seis meses seguintes, o maior porcentual desde o início da série histórica da pesquisa, em maio de 2005, e um índice bem acima do de dezembro de 2013, quando 12% dos empresários de MPEs compartilhavam dessa expectativa. Porém, a maioria, 45%, preveem estabilidade ante 54% em dezembro de 2013.
“O baixo crescimento da economia do Brasil em 2014 minou as expectativas dos empreendedores”, afirma o coordenador de pesquisas do Sebrae-SP, Marcelo Moreira. “O desempenho dos negócios de pequeno porte não deve ser muito animador em 2015, já que são esperados ajustes na economia pelo governo que tendem a restringir a atividade econômica”, completa Moreira.
A PESQUISA – A pesquisa Indicadores Sebrae-SP é realizada mensalmente, com apoio da Fundação Seade. São entrevistados 2.716 proprietários de MPEs do Estado de São Paulo por mês. No levantamento, as MPEs são definidas como empresas de comércio e serviços com até 49 empregados e empresas da indústria de transformação com até 99 empregados, com faturamento bruto anual até R$ 3,6 milhões. Os dados reais apresentados foram deflacionados pelo INPC-IBGE.