Em meio aos protestos e bloqueios de estradas, governo e representantes dos caminhoneiros têm encontro marcado para a tarde desta quarta-feira (25) em Brasília. A reunião para negociar o fim das interdições deve ocorrer às 14h no Ministério dos Transportes.

A assessoria da pasta ainda não tem confirmação de quais outras autoridades, além do titular dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues, devem participar da conversa.

Nesta terça (24), o ministro Miguel Rosseto, da Secretaria-Geral da Presidência, havia afirmado que estariam presentes os ministros Luis Inácio Adams (Advocacia-Geral da União) e o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Marivaldo de Castro.

Em pelo menos 13 estados do país caminhoneiros fazem paralisação e bloqueio de rodovias. A categoria reivindica, entre outros itens, diminuição no preço do litro do óleo diesel e aumento no valor dos fretes. Também querem que o governo prorrogue o prazo de carência das dívidas contraídas por meio do programa Pró-caminhoneiro, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Ao comentar os pleitos dos caminhoneiros, Rosseto disse ainda que não está na pauta do governo a alteração no preço do diesel e defendeu diálogo entre caminhoneiros, empresários e poder público.

No Ceará, protesto dos caminhoneiros iniciou na tarde de terça-feira e deixou a BR-116  congestionada (Foto: TV Verdes Mares/Reprodução)
No Ceará, protesto de caminhoneiros deixou a BR-116 congestionada na terça (Foto: TV Verdes Mares/Reprodução)

Ações na Justiça
A Advocacia-Geral da União protocolou ações na Justiça Federal dos estados para o desbloqueio das rodovias.

Em alguns estados, como Bahia, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, juízes já determinaram a liberação.

Em São Paulo, o juiz Bruno César Lorencini fixou multa de R$ 50 mil por hora de descumprimento para o sindicato de empresas de logística, além de multa de R$ 100 para cada manifestante que não desbloquear a rodovia.

Em Minas, caso a decisão seja descumprida, os sindicatos que promovem os protestos pagarão multa de R$ 50 mil por hora de ocupação indevida, além de R$ 5 mil por pessoa física ou veículo. Na Bahia, a multa chega a R$ 100 mil por hora.

Em Santa Catarina, a PRF começou a usar sua tropa de choque para liberar rodovias ocupadas pelo protesto de caminhoneiros. Os policiais fizeram com que os veículos que bloqueavam um trecho da BR-282 em Xanxerê, no oeste do estado, fossem tirados da pista e colocados no acostamento. Segundo a PRF, foi uma desinterdição “à força, mas sem confronto”.

Efeitos dos bloqueios
Os bloqueios nas estradas têm causado desabastecimento de produtos em alguns estados do país, principalmente da região Sul.

Indústrias de alimentos, agricultores e pecuaristas do oeste, sudoeste e norte do Paraná chegaram a suspender as produções. Frigoríficos em Francisco Beltrão, Dois Vizinhos e Toledo deixaram de fazer o abate de aves.

No Rio Grande do Sul, a paralisação afetou diversos setores produtivos. Indústrias de laticínios e frigoríficos, por exemplo, tiveram a produção reduzida por falta de matéria-prima e já contabilizam prejuízos.

As exportações também foram afetadas. Segundo a administração do porto de Paranaguá, no Paraná, principal terminal de saída de produtos agrícolas do país, apenas 10% dos carregamentos previstos para esta terça-feira (24) foram realizados.

Desde segunda-feira (23), o terminal ferroviário de Rondonópolis, no sul de Mato Grosso, deixa de exportar 12,8 mil toneladas de grãos por dia.

Em São Paulo, houve protesto de mais de oito horas na terça-feira na rodovia Anchieta, para impedir o acesso ao Porto de Santos.

As paralisações pelo país reduzem ainda a entrega a alguns produtos na capital paulista. A Companhia de Entreposto e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) já registrou queda de 10% na entrada de caminhões carregados de frutas, como a maçã, pera e melancia, vindos da região Sul do Brasil.