As exportações devem guiar o crescimento na produção de aço no Brasil este ano, já que as projeções do setor para as vendas internas passaram de expansão para queda de 8 por cento, informou o Instituto Aço Brasil (IABr), nesta quarta-feira.
A expectativa da entidade é que a produção de aço bruto em 2015 cresça 6,5 por cento sobre o ano passado, atingindo 36,1 milhões de toneladas. Já as vendas internas devem recuar a 19 milhões de toneladas. A expectativa anterior era de que o volume de vendas no Brasil crescesse 4 por cento em 2015.
“Esses números são reflexo da deterioração do cenário político-econômico nacional e da contínua perda de competitividade sistêmica que atinge a indústria brasileira de aço, assim como a seus principais setores consumidores”, disse o IABr em comunicado à imprensa.
Com isso, o consumo aparente de aço no Brasil deve recuar 7,8 por cento este ano, a 22,7 milhões de toneladas.
Segundo o IABr, as exportações brasileiras de aço este ano devem saltar cerca de 38 por cento, para 13,5 milhões de toneladas, influenciadas pela desvalorização do real contra o dólar e sendo formadas basicamente por produtos semi-acabados. Já as importações devem recuar 6,3 por cento, a 3,7 milhões de toneladas.
No primeiro bimestre, as vendas de aço no Brasil caíram 12 por cento, a 3,118 milhões de toneladas, ante o mesmo período de 2014. Enquanto isso, a produção de aço bruto subiu 5 por cento, a 5,65 milhões de toneladas, e as exportações saltaram 22,7 por cento, a 1,76 milhão de toneladas.
PROTESTO
O IABr informou que em 6 de abril a entidade e a Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) realizarão em São Paulo um ato em defesa da indústria brasileira, reunindo cerca de 40 entidades de classe empresariais e quatro centrais sindicais.
O evento tem como objetivo cobrar do governo federal uma atenção especial para a indústria nacional, cliente do setor siderúrgico.
“Nossa preocupação é com o nível industrial no Brasil que representava 25 por cento do PIB (Produto Interno Bruto) e vem perdendo representatividade. Em 2014, foi 12 por cento do PIB. Não há país forte e desenvolvido sem uma indústria forte”, afirmou a jornalistas o presidente do conselho do IABr, Benjamin Baptista Filho, também presidente da ArcelorMittal Brasil.
“A indústria é cliente nosso, nossos clientes estão desaparecendo com importações de mercados como carros, navios, trens e outros”, acrescentou.
Segundo o presidente do instituto, Marco Polo de Mello Lopes, o Brasil importou, em 2014, 60 por cento das máquinas e equipamentos comprados pelo país.
(Por Rodrigo Viga Gaier)