A pesquisa Investimentos nos Estabelecimentos Comerciais do Estado do Rio de Janeiro, divulgada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio-RJ), revela que apesar do cenário de arrefecimento da economia em 2014, o aumento da concorrência, com a entrada de novas empresas no mercado, e o crescimento do turismo em função da Copa do Mundo de 2014 levaram o comércio nacional a avançar o fluxo de investimentos.
Esse fato ocorreu de maneira especial no Rio de Janeiro, que “foi a grande vitrine durante a Copa e que mais chamou a atenção dos turistas, inclusive depois do evento”, destacou hoje (28) o gerente de Economia da Fecomércio-RJ, Christian Travassos.
De acordo com a sondagem, 73,8% dos empresários fluminenses investiram em 2014, sendo que 42,3% informaram ter empreendido mais no ano passado do que em 2013, enquanto 20,5% mantiveram os investimentos no mesmo nível e apenas 11% investiram menos do que no ano anterior.
Travassos salientou que mesmo tendo necessidade de investir, para 71,6% dos empresários a principal fonte foi o caixa do próprio estabelecimento e não linhas de crédito, como “seria o caminho natural tomar financiamento para investir”. Explicou que como o crédito é muito caro tanto para o consumidor como para o empresário, sobretudo de micro e pequeno porte, os “empresários acabam se organizando para dar conta dos investimentos com o próprio caixa, tentando fazer uma reserva, o que não é o ideal”.
O investimento é necessário, sustentou, diante da concorrência, da exigência crescente por parte do consumidor e do aumento do fluxo turístico. “Porque, se não, o negócio acaba perdendo”. Lembrou que somente 11% tomaram dinheiro emprestado para investir. Na avaliação do economista da Fecomércio-RJ, a pesquisa retrata a necessidade de se manter e prosperar no mercado.
“O bom atendimento exigido hoje pelo consumidor não é mais um diferencial. É o básico, ainda mais para o cliente que vem do exterior, de outra realidade”, argumentou. Por isso, a necessidade de o comércio ter uma melhor estrutura, atender melhor, se profissionalizar, dotar o estabelecimento de maior segurança, com o uso de câmeras de vigilância, entre outros equipamentos. Mas, ao mesmo tempo, o empresário luta com empecilhos. E o crédito é um deles, além da carga tributária elevada.
Segundo o economista, o cenário se repete em termos do comércio brasileiro, que cresceu 2,2% no ano passado, acima da média nacional. Embora inferior à expansão de 4% registrada em 2013, Travassos destacou que a taxa foi positiva e bastante superior à variação do Produto Interno Bruto (PIB), que ficou em 0,1%. “Desacelerou em 2014, mas a necessidade de investimento não esvaiu; ela continuou existindo, em função de maior competição, de um consumidor mais seletivo, do aumento do fluxo turístico. Isso vale para todo o Brasil”.
Observou que no país, em 2014, houve um ganho sensível de renda, de emprego, de acesso ao crédito por parte do brasileiro que ascendeu socialmente e isso fez com que ele levasse mais em conta a qualidade do atendimento. O comércio crescendo acima da média atraiu novosplayers (jogadores) que acirraram a concorrência, o que demandou novos investimentos. O que o Rio de Janeiro tem de diferencial é a agenda de megaeventos internacionais que movimentam o comércio no estado, como o ‘Rock in Rio’, este ano, e as Olimpíadas, em 2016, “além de ser o cartão postal do país”, salientou.
Entre os principais investimentos citados pelos empresários destacam-se aumento do estoque de mercadorias (55,8%), expansão ou reforma do estabelecimento (45,1%), compra ou modernização de equipamentos (26,1%) e melhora no marketing (mercadologia) do negócio (18,8%). Entre os empresários fluminenses que investiram em 2014, 34,3%