A queda de 4,5% nas vendas do comércio varejista do país em maio deste ano, em relação ao mesmo período de 2014, reflete as restrições ao crédito e a diminuição da renda do trabalhador, segundo a técnica responsável pela Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Juliana Vasconcelos.
De acordo com ela, a redução das vendas foi puxada, principalmente, pelo setor de móveis e eletrodomésticos, que registrou queda de 18,5% em maio, na comparação com igual mês do ano passado, e acumula recuo de 10,9% nos primeiros cinco meses do ano. Em 12 meses, o setor acumula queda de 6,1%.
“Este é um setor que, historicamente, sempre apresenta um desempenho positivo em maio em função do Dia das Mães e que em maio deste ano chegou a fechar em queda de 18,5% na comparação com maio do ano passado”, disse.
Juliana Vasconcelos também ressaltou a redução das vendas no segmento de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumos, que fechou maio com queda em todas as bases de comparação. Houve recuo de 2,1% em relação a maio do ano passado, de 1,6% no acumulado do ano e de 0,9% em 12 meses.
“A queda do setor reflete a influência direta da restrição do poder de compra das famílias, que em função do poder de compra menor passam também a comprar menos alimentos ou alimentos mais baratos. Reflete, ainda, o fato de que maio deste ano teve um dia útil a menos do que em 2014”, explicou.
Se consideradas as vendas do comércio varejista ampliado (que também veículos, motos, partes e peças e material de construção), a queda de 10,4% de maio de 2015 em relação a maio do ano passado foi motivada, principalmente, pelo setor de veículos, que registrou queda de 22,2% na mesma base de comparação. “É um setor que também está sofrendo com a restrição do crédito, a diminuição da renda e, principalmente, a falta de confiança do consumidor”, disse Juliana Vasconcelos.
O IBGE ressaltou o fato de que a queda nas vendas do comércio só não foi ainda maior em decorrência do comportamento do setor de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, que cresceu 1,8% na comparação com maio do ano passado. Isso acontece, segundo ela, porque é um setor que engloba produtos que apresentam preços favoráveis. “Preço é um dos fatores que influenciam o consumo das famílias e ainda por cima está abaixo da inflação, favorecendo o consumo. São também produtos considerados bens essenciais [farmacêuticos] e que envolvem a saúde das famílias.”