O saldo da balança comercial do país este ano deverá chegar a até US$ 12 bilhões, disse hoje (11) o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro.

Monteiro disse ter visão “bastante positiva” sobre o cenário econômico brasileiro neste momento. Segundo ele, o superávit na balança comercial do país fechou a primeira semana de agosto acima dos US$ 5 bilhões e as projeções indicam números mais confortáveis.

“Embora temerária, as minhas projeções no início do ano eram de um saldo [comercial] entre US$ 8 bilhões e U$$ 10 bilhões. Agora já é possível fazer uma projeção com uma margem bem mais segura de que o nosso saldo este ano vai passar dos US$ 10 bilhões, podendo chegar a US$ 12 bilhões”.

Monteiro admitiu que as importações caíram de maneira significativa neste período, o que de certa forma favorece a obtenção de um superávit maior, mas ressaltou o fato de que este movimento de queda nas importações está sendo seguido também por movimento de substituição dessas importações, que ficaram mais caras com a alta do dólar.

“Isso abre um espaço adicional para a produção industrial doméstica em um momento em que [esta produção] passa por forte retração. Agora, é preciso destacar também que as exportações estão crescendo em volume. Este é um dado muito importante: a parte física das exportações está com um aumento expressivo”, disse.

Na avaliação do ministro do Desenvolvimento, se os preços do ano passado das commoditiesestivessem em vigor hoje o país já teria “saldo comercial muito mais robusto, seguramente já seria maior em cerca de US$ 10 bilhões”.

Ao comentar a desvalorização do yuan, a moeda chinesa, ele disse não vê isso como um problema para o Brasil, uma vez que a relação direta de comércio com a China está centrada nas commodities. Neste segmento, o Brasil tem uma competitividade “indiscutível”, segundo ele.

“É evidente que a desvalorização das moeda chinesa dá às exportações de manufaturados dos chineses maior competitividade no mercado global. E como a área em que a China vem tendo uma penetração maior é sobretudo aqui na América do Sul, isto poderá ter um efeito no sentido de deslocar algumas exportações brasileiras de manufaturada”, disse.

O ministro lembrou, porém, que o nosso câmbio também se realinhou de maneira expressiva – e que o real foi a moeda que teve a maior flutuação, com mais de 50% de desvalorização nos últimos 12 meses: “Acho que, se for levado em conta uma cesta de moedas, a nossa está muito bem situada”.

Monteiro se mostrou mais preocupado com a questão da inflação do que com a desvalorização da moeda chinesa. “Seguramento a queda da nossa moeda será minimizada mais em consequência da inflação, este é o fator que erode o câmbio real. A gente tem que estar muito atento à evolução dos custos: você desvaloriza a moeda mas os custos sobem. Esse é que é o problema e não a desvalorização do yuan, que ainda é bem menor do que a da nossa [moeda]”, disse