Depois de ter fechado 2015 com queda de 2,1%, o consumo de energia no país deverá voltar a cair este ano. A informação foi dada hoje (30) pelo presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, ao participar do seminário Agenda Setorial 2016: Abastecimento e Preço, promovido pelo Grupo Canal Energia, em um hotel da zona sul do Rio de Janeiro. A EPE é uma empresa pública, vinculada ao Ministério de Minas e Energia.
Tolmasquim disse que os números relativos ao consumo de energia estão sendo revistos e deverão passar de uma previsão inicial de crescimento de 0,4% para uma queda de 0,4%. Mais uma vez, a retração, segundo a EPE, deverá ser puxada pelo setor industrial que, em razão do fraco desempenho da economia brasileira, que deverá cair este ano 4,5%, depois de ter fechado o ano passado em menos 5,3%.
A revisão das previsões do desempenho da demanda por energia ao longo deste ano será divulgada em abril pela EPE. O presidente da empresa disse, ainda, que a empresa estima que o Produto Interno Bruto – PIB – a soma de todos as riquezas produzidas no país – vai fechar o ano com queda de 3%.
“Se olharmos para janeiro e fevereiro, a queda já é de 5,5%, puxada pela indústria com retração de 8,3%. Nas residências, a queda foi de 4,4% e, no comércio, de 3,2%. Isto já sinaliza como será o desempenho no ano”, disse Tolmasquim.
Expansão
Mesmo em patamares menores do que o habitual, os setores residencial e comercial deverão apresentar expansão do consumo ao longo do ano, As projeções da EPE são de que no comércio o consumo cresça 2,5%, e nas residências a expansão seja de 2%, crescimento bem abaixo da média dos últimos anos para os dois setores, que oscilou em torno dos 6%.
“Este crescimento se dá porque a população continua crescendo, as pessoas comprando geladeiras, novas casas, assim como no comércio são construídos novos shoppings, surgem novas lojas. Mas é um crescimento pequeno em relação ao histórico de anos anteriores, em torno de 6%”, admitiu.
“ As estimativas para o quinquênio também serão reduzidas para baixo diante do cenário econômico e de dois anos seguidos de queda no consumo “, ressaltou Tolmasquim, sem, no entanto, divulgar as novas projeções.
O presidente da EPE adiantou, porém, que, apesar da retração no consumo de energia, o ano será marcado por uma expansão na oferta de cerca de 9 mil megawats. “As perspectivas de expansão são muito boas com a motorização de novas máquinas nas hidroelétricas de Santo Antônio, Jirau, Belo Monte, Teles Pires… Então, a agregação de energia nova ao sistema será muito grande. E tem ainda eólicas e duas térmicas a gás natural entrando em operação”, explicou.
Revisão
Tolmasquim admitiu que a EPE, em razão da queda prevista no consumo de energia ao longo deste ano, e levando-se em consideração o fato de que a base de consumo está diminuindo (a queda de 2016 se dará sobre uma base menor), a empresa vai rever para baixo as projeções de consumo para os próximos cinco anos. Ele acredita, porém, que em 2017 deverá haver aumento do consumo. “Mas é preciso ver primeiro como será a taxa de retomada [do crescimento] para os próximos anos”, finalizou.