O nível de emprego da indústria paulista em setembro recuou 0,51% em relação a agosto, com a perda do equivalente a 11.500 vagas de trabalho. No terceiro trimestre de 2016, a perda acumulada é de 29.000 postos, e no ano, de 86.000. Os dados, divulgados nesta terça-feira (18/10), são da Pesquisa de Nível de Emprego do Estado de São Paulo, realizada pelo Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp e do Ciesp (Depecon).

Paulo Francini, diretor titular do Depecon, explica que o ritmo de queda diminuiu, mas ainda continua a haver cortes. “O que se quer é que não haja demissões.” Francini lembra que a previsão do Depecon é fechar 2016 com o saldo negativo de 165.000 vagas. Somando as 235.000 demissões de 2015, a perda total atingirá 400.000 vagas em dois anos. “É uma tragédia”, diz Francini. “E é uma tragédia que não chegou ao final.”

A perda de postos de trabalho deste ano para o mês de setembro só é menor, na série histórica iniciada em 2006, que a de 2015.

Setores

Dos 22 setores pesquisados, houve queda do nível de emprego em 13 (59%). Quatro permaneceram estáveis, e cinco apresentaram comportamento positivo. Esta distribuição é diferente da observada no ano de 2015, quando os setores negativos foram 19, os positivos, 2, e 1 apresentou estabilidade.

Não há, explica Francini, nenhum setor que se destaque. A queda acumulada do PIB brasileiro, de cerca de 8% entre 2015 e 2016, é semelhante à que ocorre em países em guerra, diz o diretor do Depecon. “E num país em guerra, quem mais sofre é a sociedade.”

Em valores absolutos, o setor de veículos automotores, reboques e carrocerias foi o que mais demitiu em setembro (saldo negativo de 3.108 vagas). Em máquinas e equipamentos, o corte foi de 2.714 postos de trabalho. Entre os setores que tiveram mais contratações que demissões, o primeiro é o de produtos minerais não metálicos (174 vagas).

Das 36 diretorias regionais em que se divide a pesquisa, 25 (70%) tiveram desempenho negativo em setembro, em 10 ele foi positivo, e 1 ficou estável. A maior variação negativa (de -4,14%) ocorreu em Santo André. Matão teve a maior alta (2,6%).