Diante do crescente número de pessoas com suspeita de sarampo nos últimos meses, o Hospital Amaral Carvalho (HAC), referência em tratamento de câncer e transplantes de medula óssea, implementou medidas para evitar a transmissão da doença que se espalha pelo ar através de gotículas respiratórias produzidas ao tossir ou espirrar. Ontem (22/out), a instituição anunciou a suspensão temporária de atividades eletivas (não urgentes) como uma das ações preventivas.

De acordo com o infectologista e gerente de riscos do HAC, João Gabriel Soares de Campos e Silva, para garantir a segurança dos pacientes e funcionários, desde agosto o HAC vem realizando atividades de precaução e controle do sarampo. “Começando por uma campanha interna de vacinação entre os funcionários e seguindo criteriosamente os protocolos de bloqueio preconizados pela Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo”.

Nesta semana, funcionários com algum sintoma suspeito da doença foram afastados e, com a confirmação de apenas um caso, novas medidas foram incorporadas à rotina do hospital, como o uso obrigatório de máscaras e intensificação da orientação de lavagem das mãos com frequência. Também foram suspensos cerca de 90% dos atendimentos eletivos dos próximos dias, como exames, consultas e procedimentos não urgentes. “Tomamos essa decisão espontaneamente para preservar a saúde de nossos pacientes e funcionários. O objetivo é diminuir ao máximo a circulação de pessoas e do vírus do sarampo”, comenta o médico.

Os casos de emergência continuam sendo atendidos normalmente. As equipes de Gerência de Riscos, Serviço de Controle de Infecção Hospitalar e Medicina do Trabalho estão avaliando diariamente o cenário e aguardando resultados dos exames sorológicos dos suspeitos para tomada de novas decisões. “Na próxima segunda-feira, já deveremos ter um quadro bem mais claro para decidir os próximos passos”, afirma o infectologista.

O especialista ressalta que, até o momento, nenhum paciente apresentou sintomas de sarampo e que as iniciativas levam em consideração os cuidados especiais aos usuários, que têm baixa imunidade e requerem maior cuidado. “Estamos aplicando doses de imunoglobulina, que ajuda a aumentar a imunidade dos pacientes, visando a proteção contra vírus e bactérias”.

Informe técnico de alerta sobre sarampo – Centro de Vigilância Epidemiológica Prof. Alexandre Vranjac

O sarampo é uma doença viral aguda, altamente contagiosa, que começa com febre, tosse, coriza, conjuntivite e manchas avermelhadas na pele (exantema maculopapular). O sarampo pode evoluir com complicações entre crianças menores de cinco anos de idade, sobretudo nas desnutridas, em adultos maiores de 20 anos, em indivíduos com imunodepressão ou em condições de vulnerabilidade e gestantes. As complicações que podem ocorrer são a otite média, broncopneumonia, diarreia, encefalite, trabalho de parto prematuro e baixo peso ao nascer. O óbito é decorrente de complicações, especialmente a pneumonia e a encefalite. A transmissão é direta de pessoa a pessoa, por meio das secreções expelidas pelo doente ao tossir, respirar, falar ou espirrar e que permanecem dispersas no ar, principalmente em ambientes fechados como, por exemplo: escolas, creches, clínicas, meios de transporte. As pessoas infectadas são geralmente contagiosas cerca de 6 dias antes do aparecimento da erupção cutânea até 4 dias depois. Os sintomas aparecem em média de dez a 12 dias desde a data da exposição. A vacina tríplice viral é a medida de prevenção mais eficaz contra o sarampo, protegendo também contra a rubéola e a caxumba.