Você sabe o que é o TEA (Transtorno do Espectro do Autismo)? Você sabia que desde agosto do ano passado existe em Dracena, uma lei municipal que dá preferência para pessoas com esse tipo de espectro?

A lei foi assinada pelo prefeito Juliano Bertolini, no dia 19 de agosto de 2019. Ela faz referência para que pessoas que tenham o TEA utilizem a preferência em filas de estabelecimentos comerciais e públicos. É obrigatória a exposição do laço universal das pessoas com TEA. Assim, indica que naquele local existe a preferência de atendimento.

Cleber Regiani, presidente do Comdefi (Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Com Deficiência) de Dracena, em conversa com a reportagem do Jornal Regional, contou de onde surgiu essa ideia. “A ideia surgiu através de um grupo de mães de crianças com o TEA, aqui em Dracena. Elas se juntaram foram até a Câmara Municipal, com o intuito de pedirem a criação de uma lei que beneficiasse essas pessoas”, disse Regiani.

Regiani ainda acrescenta que a lei é vital, tanto para os autistas, como para os pais. “É muito importante para que seja rápido o atendimento dessas pessoas. Uma mãe que não tem como deixar o filho com alguém, precisa levar o filho para onde for. O atendimento tem que ser rápido para que não aconteçam essas crises”, disse ele. O presidente do Comdefi ainda ressaltou que falta muito para conscientizar a população.

“Estamos trabalhando com esse grupo de mães para a criação de uma associação específica de pessoas com TEA. Algumas mães acabam se deslocando para Presidente Prudente. Ter uma associação em Dracena seria de grande valia”, finalizou.

Segundo Regiani, três mães da região de Dracena relataram que precisaram de atendimento médico na virada de ano graças à exposição dos filhos aos fogos de artifício.

Mães e pais

Rosirley Parussolo é mãe do Miguel, de 8 anos, uma criança especial. Ela disse como a lei pode auxiliar até no tratamento do filho. “A lei vem para ajudar. Ainda mais quando vem para agilizar determinadas situações. Muitas vezes, um minuto a mais que ele fica em convívio social, já é uma diferença gritante e um benefício enorme para nós. É como se fosse um treino para ele. É muito difícil o convívio social para os autistas. Estar com ele fora de casa já é uma vitória enorme”, disse a mãe.

Parussolo ressalta que existe uma dificuldade de entendimento por parte da população. “O autista recebe diversos estímulos, que graças à sensibilidade a movimento, barulho, cheiro, acaba estressando demais a criança. Muitos acabam reagindo de uma forma mais irritada. O autismo é diferente de pessoas portadoras de deficiências físicas. A aparência deles não tem interferência. As pessoas olham, acham que é má criação, que é uma criança irritada. Eles não sabem o que se passa naquela situação”, alerta Parussolo.

Segundo ela, diversas situações acabam chateando e magoando os pais. “A gente sente alguns olhares diferentes quando eu vou para fila preferencial. Muitos acham que estou passando na frente, que estou estacionando em vaga que não tenho direito. Hoje, eu nem dou ouvidos, tento não reparar muito, mas acabo ficando triste com algumas situações”, finalizou Parussolo.

O que é o TEA

O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) reúne desordens do desenvolvimento neurológico presentes desde o nascimento ou começo da infância. São elas: Autismo Infantil Precoce, Autismo Infantil, Autismo de Kanner, Autismo de Alto Funcionamento, Autismo Atípico, Transtorno Global do Desenvolvimento sem outra especificação, Transtorno Desintegrativo da Infância e a Síndrome de Asperger.

As causas do TEA não são totalmente conhecidas, e a pesquisa científica sempre concentrou esforços no estudo da predisposição genética, analisando mutações espontâneas que podem ocorrer no desenvolvimento do feto e a herança genética passada de pais para filhos. No entanto, já há evidências de que as causas hereditárias explicariam apenas metade do risco de desenvolver TEA. Fatores ambientais que impactam o feto, como estresse, infecções, exposição a substâncias tóxicas, complicações durante a gravidez e desequilíbrios metabólicos teriam o mesmo peso na possibilidade de aparecimento do distúrbio.

O TEA afeta o comportamento do indivíduo, e os primeiros sinais podem ser notados em bebês de poucos meses. No geral, uma criança do espectro autista apresenta os seguintes sintomas:

  • Dificuldade para interagir socialmente, como manter o contato visual, expressão facial, gestos, expressar as próprias emoções e fazer amigos;
  • Dificuldade na comunicação, optando pelo uso repetitivo da linguagem e bloqueios para começar e manter um diálogo.