A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo decidiu abrir a Câmara Setorial da Seda para atender a demanda do setor sericícola e fomentar a cadeia produtiva da seda para apoiar a concepção, a formulação e a execução de políticas públicas voltadas ao fortalecimento do setor produtivo.

Sericultores, empresários do ramo, agentes públicos e pesquisadores estiveram reunidos no Instituo Agronômico de Campinas (IAC) para a instituição da Câmara Setorial da Seda, em novembro.  A reunião foi presidida pelo secretário da Agricultura Francisco Jardim e Wilian Aita, da Fiação de Seda Bratac, foi eleito o presidente da Câmara Setorial da Seda, com mandato de um ano. A Câmara Setorial da Seda conta um representante da Cidade Milagre, o professor doutor da FCAT Unesp Dracena, Daniel Nicodemo, que é titular, compondo a chapa com o professor Leonardo Susumu Takahashi, que é suplente.

No último dia 20, foi realizada a segunda reunião no campus da Unesp em Tupã, que contou com a presença do assessor da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, José Luiz Fontes. Vários representantes da Amnap – Associação dos Municípios da Nova Alta Paulista-, que apoiam o trabalho da referida Câmara e buscam fomentar o desenvolvimento da sericicultura na região, participaram do encontro.

Em Dracena, o professor Daniel Nicodemo ministra a disciplina “Sericicultura” para os alunos dos cursos de graduação em Zootecnia e Engenharia Agronômica e realiza trabalhos de pesquisa na área em questão junto a sua equipe, buscando melhorias para a produção de casulos a partir da suplementação da dieta do bicho-da-seda, que basicamente se alimenta de folhas de amoreira.

Além disso, o professor também tem desenvolvido trabalhos de pesquisa para investigar os efeitos de agrotóxicos aplicados em grandes culturas como cana-de-açúcar, milho e soja. A aplicação indevida desses produtos no campo, geralmente com a utilização de aeronaves, gera o efeito deriva, que é o deslocamento do produto para áreas vizinhas à área da cultura alvo. De acordo com o professor, áreas com plantação de amoreira podem ser contaminadas com os agrotóxicos, que geralmente não implicam em alterações perceptíveis nas folhas de amoreira aos olhos do produtor. Mas, quando essas folhas contaminadas são fornecidas às lagartas, elas acabam morrendo ou produzem casulos de menor qualidade

A produção de casulos é uma atividade que chega a ser mais rentável que a produção de leite e até a produção de soja. Porém, o nível tecnológico atual no Brasil implica em grande esforço em serviço braçal. Sendo assim, a atividade é adotada por pequenos produtores, com propriedades menores que 10 hectares. O crescimento da sericicultura implica em desenvolvimento de maquinário apropriado para a atividade.

A maior parte da seda produzida no Brasil é exportada na forma de fios. O Brasil ainda tem pela frente a oportunidade de utilizar esses fios no próprio país, para a fabricação de tecidos que darão origem a peças de vestuário de alto valor agregado, em virtude das inúmeras qualidades da seda. Entretanto, da seda não são obtidos apenas fios para a produção de roupas. A partir dela, também podem ser obtidos produtos cosméticos, médico-farmacêuticos, entre outros que ainda estão em desenvolvimento.

Até o início da década de oitenta do século XX, São Paulo foi o principal estado produtor de casulos do bicho-da-seda do Brasil e, desde então, muitos criadores abandonaram a atividade. Porém, com o sucesso atual de alguns produtores, o interesse da indústria e de demais setores da cadeia da seda, além de condições ambientais favoráveis, a sericicultura pode ter um novo ciclo de expansão em São Paulo, principalmente no centro-oeste paulista. Novos interessados têm ingressado no ramo da sericicultura, inclusive na região.