Assim como o Outubro Rosa e Novembro Azul, que visam conscientizar a população sobre os cânceres de mama e de próstata respectivamente, mais recentemente ganhou força o Dezembro Laranja, que alerta para o tipo de câncer com mais comum no Brasil: o de pele. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, o câncer de pele representa 1/3 de todos os diagnósticos de câncer no Brasil e o Instituto Nacional do Câncer (INCA) registra cerca de 180 mil novos casos a cada ano. “Sabemos que mais de 90% destes são de carcinomas mais leves, mas que podem causar deformações como perder parte do nariz, orelha e partes externas visíveis, além de deixar cicatrizes grandes. E também existe o câncer de pele grave como o melanoma, que tem o mais alto índice de mortalidade”, alerta o dermatologista Dr. Francisco de Assis Filho, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. “Portanto, principalmente no verão, mas durante todo o ano, se exponha mas não se queime, ou seja, use o filtro solar adequado, o chapéu com proteção contra radiação”, acrescenta o médico.

Segundo o dermatologista, a fotoexposição sem proteção, ao longo dos anos, causar mutação das células da pele, principalmente os queratinócitos, mas também há o risco de ocorrer mutação em células mais profundas, como os melanócitos (responsáveis pela produção de pigmento que dá cor à pele), e quando isso ocorre pode surgir o melanoma. Além disso, essa fotoexposição excessiva pode gerar lesões novas ou modificar aquelas que já existiam previamente na pele de qualquer pessoa.

Com uma exposição solar frequente, seja por lazer ou ocupacional, muitas vezes, as pessoas não percebem a medida da exposição ao sol silencioso no trabalho de campo, no dirigir ou andar na rua. “Nosso país tem altos índices de radiação e devemos saber como nos proteger”, lembra o médico.

Como se proteger – De acordo com o Dr. Francisco, a melhor forma de proteção contra a radiação é o uso do filtro solar. “Recomendo usar filtro solar adequado, sempre com fator de proteção mais alto. Porque quando você usa o protetor de maneira correta, você garante a proteção que está na embalagem. Essa maneira correta, no rosto, é uma colher de chá. Mas as pessoas tendem a não usar essa quantidade, então, se você usa por exemplo um fator 70, ele pode cair para FPS 40, pelo uso aquém do necessário. Mas se você utilizar um fator 30 e não usar uma colher de chá, a fotoproteção vai cair para FPS 10 ou 15 – o que é muito pouco”, afirma o médico.

Esse protetor solar precisa ter filtros físicos (dióxido de titânio e óxido de ferro) e químicos. “E de preferência, se esse protetor tiver filtro físico, químico e base, é melhor ainda, por essa ser uma tendência mundial, e a base atuar como proteção física. O protetor com cor protege da luz visível, principalmente para quem quer tratar mancha”, diz o médico.

Além disso, lembrar dos acessórios e roupas com proteção UV, como camisetas, bermudas, chapéus e óculos. “O óculos também é muito importante, porque na região das pálpebras o uso do protetor solar não é prático, uma vez que ele pode escorrer no olho, vai arder… então o óculos de sol com proteção UV serve para proteger essa área que tem a pele mais fina, evitando os danos da radiação na pálpebra superior e inferior, como também no próprio olho”, afirma. “Quando a gente fala em câncer de pele, principalmente os não-melanoma, eles tem uma predileção: normalmente a incidência é maior na região do nariz e na orelha; além do couro cabeludo. O nosso cabelo protege o nosso couro cabeludo do câncer, então quem tem pouco cabelo ou careca precisa usar boné ou chapéu”, lembra. As áreas que precisam de mais atenção são: rosto, couro cabeludo, orelha, decote (colo), antebraço e mão.

Hoje, além do fotoprotetor, há um reforço oral, que são os “fotoprotetores orais”. “É o uso de vitaminas e antioxidantes orais que vão ajudar a fazer uma membrana protetora daquelas células que podem sofrer mutação. Os principais componentes são: Luteína, Polypodium Leucotomos, Licopeno – esses antioxidantes ajudam a fazer uma proteção maior. Mas atenção: tomar o oral não substitui a passagem do protetor solar”, enfatiza.

O médico lembra que é necessário reaplicar o fotoprotetor de duas em duas horas, quando diretamente exposto ao sol, em praias, piscinas e clubes. E quanto ao horário ideal para se expor, das 10h às 16h, o médico lembra: “Esse horário é perigoso. Em algumas regiões brasileiras, como o Nordeste, independente do horário de verão, às 10h a radiação solar já está muito intensa, então teoricamente aqui no Nordeste o ideal é se expor antes das 9h”, afirma.