O aumento da frota veicular em Dracena segue uma tendência nacional em que o número de carros cresce mais que a população. De acordo com o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), em setembro, a frota no município era de 35.736 veículos e a estimativa do IBGE (2018) para a população era de 46.536 habitantes.

Considerando os dados, o engenheiro especialista em trânsito Fernando dos Santos Martins pontua que Dracena hoje tem aproximadamente 0,76 veículo por habitante, a média nacional é de 1 veículo para cada 4 habitantes. “Em 2008 eram aproximadamente 0,53 veículos por habitante. O aumento da frota de veículos se deve ao modelo criado pelas cidades para favorecer o transporte individual, onde se faz toda infraestrutura para automóveis, e não para o transporte coletivo ou alternativo”, analisa.

Ainda de acordo com Fernando, uma das explicações para o aumento do número de veículos é a alta renda per capita. “O município de Dracena possui o IDH – Índice de Desenvolvimento Humano de 0,776 (2018) considerado como elevado pelo IBGE”, avalia.

Trânsito em Dracena na tarde de ontem: melhorias deverão ser adotadas no futuro (Lucas Mello/Portal Regional)

Para o engenheiro, o aumento no número de veículos trará impactos para a cidade futuramente uma vez que a área da cidade é pequena e urbanizada. “Fica difícil lidar com a malha viária estacionada, e isso, consequentemente, causa transtornos de mobilidade urbana individual, comenta”.

Mesmo assim, já é possível verificar alguns reflexos no trânsito local em razão do aumento no número de veículos. “É possível notar um aumento no número de acidentes de trânsito, congestionamentos na região central, regiões periféricas, e outros locais onde há gargalos que afunilam os veículos para um mesmo local”, explica.

Futuros problemas no trânsito dracenense podem sim ser evitados, esclarece o engenheiro. Fernando faz a seguinte orientação: “A administração pública deveria implantar medidas que favoreçam a melhoria continua do tráfego de veículos, tomando como princípio a descentralização do trânsito, uso de semáforos inteligentes que funcionam por demanda de veículos, mudar alguns sentidos de vias, priorizar o uso de transporte coletivo, estimular o uso de transportes alternativos, implantar ciclovias, aumentar o número de horários e linhas de ônibus de qualidade e conforto, incentivar o uso de veículos não poluentes, estimular o uso de bicicletas (especialmente as elétricas) e reduzir o custo do transporte coletivo. Afinal, usar veículos para ir fazer compras no supermercado, para o lazer à noite, não causam grande prejuízo. O grande problema é ter numa cidade, centenas de pessoas indo e vindo dos mesmos destinos, de veículo individual e na mesma hora”, afirma.

O grande problema é ter numa cidade, centenas de pessoas indo e vindo dos mesmos destinos, de veículo individual e na mesma hora”, explica o engenheiro Fernando Martins (Lucas Mello/Portal Regional)